Comissão governamental formada para dialogar/negociar “assuntos pendentes”
- “O que nós esperamos é que seja uma comissão com capacidade e legitimidade para discutir os assuntos taco-a-taco, tudo na perspectiva de o mais rapidamente possível encontrarmos saídas para os problemas que existem” – disse o porta-voz da Renamo que, mostra receptividade à comissão governamental, contrariamente ao sentimento de repulsa que demonstrou à primeira comissão indicada pela Frelimo
A Renamo considera positivo o facto de o governo ter reunido na última quinta-feira, em sessão extraordinária, especialmente para discutir e deliberar em torno do pedido que dias antes tinha sido feito pelo partido de Afonso Dhlakama, em torno da necessidade de se criar uma comissão negocial para discutir questões que preocupam o maior partido da oposição. Para a Renamo, a decisão tomada pelo governo representa um passo que pode ser tido como ponto de partida para a busca de caminhos que levem ao pleno entendimento entre as duas forças políticas.
“Recebemos formalmente sim a resposta do governo e devo dizer que, para nós, a Renamo, este é um ponto de partida para a resolução dos problemas que preocupam a Renamo e os moçambicanos” – disse na tarde de ontem, ao media mediaFAX, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga.
Entretanto, o mais importante, entende Mazanga, não é a comissão criada, mas sim a capacidade, a competência e a legitimidade que os membros da comissão devem ter para discutir de forma dinâmica os assuntos que devem ser discutidos.
“O importante para nós não é reconhecer ou deixar de reconhecer esta comissão. O que é importante é que é uma comissão negocial do governo. O que nós esperamos é que seja uma comissão com capacidade e legitimidade para discutir os assuntos taco-ataco, tudo na perspectiva de o mais rapidamente possível encontrarmos saídas para os problemas que existem” – anotou o porta voz da Renamo. “Portanto, é importante o facto de o governo ter respondido. Significa isso que há evolução”- apontou.
O porta voz da Renamo, apesar de deixar a decisão final em termos de definição de datas às estruturas superiores do seu partido, assim como a agenda que for decidida pela comissão negocial do governo, avançou que a expectativa do seu partido era que o assunto fosse resolvido o mais cedo possível.
Aliás, disse ele, seria agradável para todos os moçambicanos que o assunto fosse resolvido antes das festas do Natal e Ano Novo.
“Todos nós queremos passar as festas já com este assunto resolvido”-frisou Mazanga.
Segundo se sabe, a comissão negocial do governo moçambicano, foi indigitada na última quinta-feira no decurso da 3ª sessão extraordinária do Conselho de Ministros que analisou especialmente esse assunto. A comissão governamental é chefiada pelo ministro da agricultura, José Pacheco e integra ainda os vices das Pescas e da Função Pública, respectivamente Gabriel Muthisse e Abdulrremane Lino de Almeida.
A indicação desta comissão acontece dias depois de a Renamo ter desvalorizado e completamente rejeitado a comissão indigita da pelo partido Frelimo, cujos membros eram figuras publicamente desconhecidas e sem nenhuma função de relevo na máquina partidária.
Enquanto isso, a da Renamo, anunciada há pouco mais de uma semana é chefiada por Manuel Bissopo, secretário-geral da Renamo, Meque Brás, chefe do departamento de organização, António Namburete, chefe do departamento de relações Exteriores, e Abdul Magid Ibraimo. Em relação aos pontos a serem discutidos, sabe-se que são 5, nomeadamente: o Acordo Geral de Paz, assinado há 20 anos em Roma, Defesa e Segurança, processos Eleitorais, Questões Económicas e despartidarização das instituições do Estado.(Nelson Mário)
MEDIAFAX – 26.11.2012