As autoridades chinesas garantem que Beijing jamais irá colonizar África, como alegam muitos medias e governos ocidentais, pois a sua relação com o continente é para benefício mútuo, bem como na base de igualdade, confiança e respeito entre ambas as partes.
Esta posição também foi reiterada durante o recém-terminado 18/o Congresso do Partido Comunista Chinês (CPC), que culminou com a eleição do novo secretário-geral, Xi Jinping.
“Continuamos a ouvir estas acusações dos media ocidentais e, por isso, questiono sempre a sua motivação. Será que estão a tentar comparar a China com as antigas potências colonialistas ocidentais?”, questionou o director-geral do Departamento para África do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lu Shaye.
“Está claro para todos nós aquilo que os antigos colonialistas ocidentais fizeram, quando usaram os seus exércitos e a mentira para ocupar terras dos africanos, para se expropriarem dos seus recursos naturais e venderem os nativos como escravos”, acrescentou Lu, falando na semana passada em Beijing a um grupo de jornalistas moçambicanos.
Segundo aquele governante, isso não é o que a administração de Beijing está a fazer em África.
Lu vai mais longe e acusa o Ocidente de usar as suas companhias transnacionais para controlar as economias africanas, levando consigo todos os recursos e sem acrescentar nenhum valor.
Como consequência, mesmo após a sua independência, os países africanos limitam-se a ser meros exportadores de recursos naturais e importadores de produtos manufacturados.
Lu cita como exemplo o petróleo explorado pelas companhias transnacionais, cujos derivados os países africanos precisam de importar.
Para Lu, o Ocidente está a tentar controlar politicamente, ideologicamente e culturalmente o continente africano. Quando alguns líderes africanos tentam contrariar os seus interesses, os mesmos transformam-se em alvos para abater.
A administração chinesa não nega o seu interesse na exploração dos recursos naturais de África, mas garante que também está disposta a ajudar o continente a construir a sua própria indústria transformadora.
“Estamos a explorar o petróleo, mas também estamos a ajudar África a desenvolver toda a cadeia de valor da exploração de petróleo, bem como estamos a ajudar África a deixar de ser apenas um exportador para também ser produtor de produtos refinados”, disse.
Como fruto desta excelente cooperação, a China está a ajudar os países africanos na construção de infra-estruturas, tais como estradas, pontes, sistemas de abastecimento de água, produção e sistemas de transmissão de energia eléctrica entre outras.
Ademais, a China defende a sua política de não interferência dos assuntos internos dos países africanos.
“Também respeitamos a soberania e independência dos países africanos. Por isso, é óbvio que a China não pode ser o novo colonialista em África. O Ocidente é que é o verdadeiro novo colonialista em África”, disse.
O director-geral adjunto do Departamento para Assuntos Africanos e da Ásia Ocidental do Ministério do Comércio da China, Cao Jiachang, também partilha o mesmo sentimento.
Cao disse ter lido um artigo recente, publicado por um jornal britânico, sobre as companhias brasileiras em África, afirmando que as empresas daquele país sul-americano tinham começado a adoptar um novo modelo de cooperação com o continente africano.
“Esse artigo considera o modelo brasileiro como sendo uma ameaça ao modelo chinês. Honestamente, eu não sei o que eles consideram de modelo chinês, porque eu penso que depois de 50 anos a trabalharmos para o desenvolvimento de boas relações com África, aquilo que conseguimos conquistar é perfeitamente natural”, disse Cao.
Beijing vai mais longe e garante que a China acolhe com agrado a participação de todos os países do mundo no desenvolvimento de África.
A França acaba de anunciar que tenciona regressar a África, enquanto os Estados Unidos anunciaram que possuem novos planos de cooperação com o continente. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional também têm representantes em muitos países africanos.
“Nós não vemos estes países ou organizações como uma ameaça para a nossa cooperação com África, porque, sinceramente, esperamos que a nossa cooperação (com outros países mais desenvolvidos) venha a resultar no desenvolvimento dos países africanos”, disse.
Por seu turno o Professor Liu Hongwu, do Instituto para Estudos Africanos, da Universidade de Zhejiang, sustenta a tese de que em toda a sua história a China nunca desempenhou o papel de colonizador em África.
Enquanto isso, os países africanos independentes são cada vez mais donos do seu próprio destino, razão pela qual “não creio que algum país do mundo esteja em condições de ditar ordens aos países africanos nesta fase”.
Aliás, antes pelo contrário, assiste-se a uma União Africana cada vez mais forte e com uma palavra a dizer nos assuntos continentais.
SG/le
AIM – 10.12.2012