SR. DIRECTOR!
No domingo passado, 16 de Dezembro, assinalaram-se 40 anos do massacre de Wiriyamu, onde cerca de 400 pessoas na província de Tete, particularmente nos povoados de Chawola, Jawaue e Wiriyamu foram assassinadas entre as quais mulheres, crianças e idosos, que na sua maioria perderam a vida nessa incursão.Este acontecimento fez-me lembrar um estabelecimento de ensino, no bairro do Zimpeto, baptizado com o nome de Escola Primária de Wiriyamu. É uma escola pobre mas que não falta a educação porque os professores assim como os alunos estão dispostos em colaborar para um bem comum, que é desenvolver o país instruindo os futuros pensadores.
Porém, uma chamada de atenção vai ao Ministério da Educação e parceiros deste sector para que mobilizem mobiliário escolar porque os alunos sentam no chão. De longe a escola tem um bom aspecto, mas as salas de aula são uma autêntica vergonha, não tem carteiras.
Estou a falar de uma escola primária que na altura das explosões do paiol de Mahlazine viu alguns dos seus alunos afectados, mas que nem com esse acontecimento a comunidade não deixou e continua a não deixar de levar os seus educandos para aprenderem a saber fazer, ser, estar e conviver juntos.
Não se está a pedir muito para aquela escola, apenas que se mobilize mobiliário escolar para que os alunos aprendam em condições aceitáveis e seus professores também continuem com a motivação que tem para ensinar.
Quando falo de mobiliário escolar, incluo também a secretária do professor que é, à semelhança do aluno, parte integrante do processo educativo.
Estimados leitores, custou-me acreditar no que estava a ver naquela escola, crianças sentadas no chão, na cidade de Maputo. Este é um verdadeiro sacrifício que se está a fazer para que as crianças aprendam a saber ler e escrever.
Este é um dos sinais mais evidentes de que ainda há muito por se fazer no sector da Educação, numa altura em que se reclama a qualidade de ensino. O produto que chega ao mercado é alvo de questionamentos. Mas, para que se atinja o ideal é preciso firmeza, dedicação e, acima de tudo, comprometimento.
Faço votos para que no início do próximo ano lectivo, as crianças daquela escola sentem em carteiras e deixem o hábito de escrever por cima do joelho, ou ainda disputar as poucas, mas pouquíssimas carteiras que ainda lhes restam.
Consta que em tempos houve carteiras, mas as mesmas desapareceram devido a acção dos marginais.- Osvaldo Cossa