O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social-democrata (MLSTP-PSD), maior partido da oposição, considerou hoje que o Presidente são-tomense "agiu dentro do espírito de maior responsabilidade e de sentido de estado" ao demitir o Governo.
Em declaração a jornalistas, o secretário-geral dos sociais-democratas, Fernando Maquengo, defendeu que o partido Ação Democrata Independente (ADI) deve formar agora um Governo com sustentabilidade parlamentar.
O MLSTP-PSD diz que "está aberto ao diálogo" para viabilizar um governo da ADI com a sua sustentação parlamentar "no superior interesse da nação".
"Tudo vai depender da vontade da ADI, os elementos que vão compor essa comissão negocial hão de encontrar uma viabilidade para essa situação", explicou o secretário-geral, que, no entanto, também deixa em aberto a possibilidade de o seu partido vir a formar Governo.
"O MLSTP nunca fugiu às suas responsabilidades, no entanto, não se deve colocar a carroça a frente dos bois", explicou Fernando Maquengo.
O Partido da Convergência Democrata (PCD), segundo maior da oposição disse, por seu lado, que Pinto da Costa "cumpriu um pressuposto constitucional" ao demitir o primeiro-ministro Patrice Trovoada.
Sebastião Santos, membro da comissão política do PCD, acusou a ADI de, nos últimos dois anos de mandato, "se ter limitado a hostilizar os demais partidos, a não buscar o diálogo, a uma arrogância total e profunda, provocando sistematicamente a oposição quando é um Governo minoritário".
O responsável considera que o Presidente, ao convidar a ADI a formar novo Governo, quer dar uma segunda oportunidade ao partido no poder por ser o partido mais votado nas legislativas de julho de 2010.
"Porém, há a questão da sustentabilidade parlamentar e deve ser a ADI a procurar a sustentabilidade parlamentar com os demais partidos", disse.
"Formar o governo é um direito que assiste à ADI. Não o fazendo, tem que ter a consciência de que foi aquele partido que prescindiu deste direito. Daí, o ónus de tudo o que vier a acontecer é dele", defendeu Sebastião Santos, em declaração a jornalistas.
Por seu lado, o secretário-geral do partido do Governo, Levy Nazaré, disse não acreditar na viabilização de um novo Governo e acusou os partidos da oposição de pretenderem "assaltar o poder", tendo dado um "golpe de Estado palaciano" com a cumplicidade de Pinto da Costa.
"Durante a campanha, ele (Manuel Pinto da Costa) disse que veio para unir a família são-tomense. A pergunta que nós fazemos: será que com isso (decreto que demitiu o Governo) ele está a unir a família são-tomense?", questionou Levy Nazaré.
O secretário-geral da ADI reafirmou o afastamento dos deputados do seu partido da Assembleia Nacional (parlamento) e não dá garantias da formação de um novo Governo, conforme foi pedido pelo Presidente da República.
Levy Nazaré anunciou ainda que a Comissão Política da ADI reúne-se hoje para analisar a crise política e irá decidir se o partido aceita ou não formar novo Governo.
O Presidente são-tomense decidiu na terça-feira demitir o Governo liderado por Patrice Trovoada, após a aprovação, por toda a oposição, de uma moção de censura ao executivo na semana passada.
MYB // VM.
Lusa – 05.12.2012