Canal de Opinião
Por: Jaime Maurício Khamba*
Embora não seja membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), ou tenha um contacto com funcionários do MDM, apreciei o discurso de Daviz no encerramento do congresso do partido na Beira. Foi um discurso notável e que viria a ser reportado por Fernando Veloso, jornalista e director do Canal de Moçambique.
Daviz Simango chamou a atenção para a distribuição da riqueza do país e o desenvolvimento de todas as partes de Moçambique que não devem ser julgadas como “cortina de fumaça”.
Adelino Chitofo Gwambe, então presidente da União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), sugeriu a mesma coisa em 1961. Ele sugeriu no Moçambique independente que os recursos deveriam ser distribuídos e compartilhados igualmente por todas as províncias e não só pelas províncias onde a liderança vive ou de onde é proveniente. Sugeriu igualmente na altura um Moçambique que teria naquela fase seis universidades e oitos colégios em nível universitário especializados em Geologia, Geofísica e outras ciências.
Embora Gwambe fosse de Inhambane, as suas ideias nunca foram de regionalismo ou sistema de tribo. Ele esteve contra qualquer espécie de corrupção no futuro de Moçambique. Talvez porque previa. Hoje, o dinheiro de doadores e os fundos de contratação de negócio são roubados e distribuídos entre amigos e família da direcção do partido Frelimo.
Os líderes que se auto-proclamavam como “SOCIALISTAS e MAXISTAS” 40 anos depois tornaram-se juntamente com seus amigos e familiares líderes em pilhar recursos em Moçambique.
Para mostrar que Gwambe não foi nenhum líder tribalista, ele foi o primeiro a apelar à observação de massacres de Mueda do junho de 1960; Ele escreveu uma carta às Nações Unidas e à Organização de Solidariedade Asiática Africana, pedindo a libertação de Marcos Zintambira Chicuse, de Angónia, doutor Agostinho Ilunga e Filipe Ngubane, que haviam sido condenados a 15 anos de prisão em 1961. Estas pessoas não eram de Inhambane, terra natal de Gwambe.
Para ser honesto, as práticas corruptas de tribalismo ou regionalismo que estão a acontecer hoje em Moçambique não estariam impunes se estivesse qualquer um do grupo de Mondlane, Reverendo Simango, Gwambe, Gumane e Gwenjere.
Não queremos ver o país a que derramamos o sangue tornado como a Nigéria, grande produtor de crude, onde a pobreza e exclusão é extrema ao ponto de as pessoas sabotarem os viadutos e raptarem funcionários. Bravo, Daviz! (Jaime Maurício Khamba)
*Antigo combatente e um dos fundadores da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em Accra, Gana, vivendo actualmente em Filadélfia, Estados Unidos da América. Versão original em inglês. Nossa tradução.
CANALMOZ – 21.12.2012
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