COISAS DA NOSSA TERRA
Por Edwin Hounnou
Quem, agora, caça com gato, por falta de cão é Adelino Buque, o propagandista do partido governamental, que, ao invés de argumentar com factos em defesa do objecto em discussão, correu para atirar pedras contra mim, como se pode depreender da sua crónica no Correio da manhã do dia 24 de Dezembro corrente do seu PS1: Li a crónica de Edwin Honnow com o título “Buque é mau propagandista”. Estando em plena quadra festiva do Natal e final do ano prefiro não respondê-lo, mas aconselhar a este senhor a visitar um jardim ou um infantário, pode ser que o ajude a tornar-se gente!
Quando faltam argumentos é melhor ficar calado. Pelo entusiasmo que demonstra nas suas crónicas, mas sempre a dar cobertura do indefensável, teria de saber evitar linguagem grosseira, a menos que os seus chefes, os que lhe pagam para tentar entupir as mentes, não se importem com isso. Outros interesses não permitem ver mais longe.
Não responderei a Buque com impropérios, como ele o fez, porém, apresento-lhe factos que são do domínio público, à excepção dele e dos seus correligionários, que a polícia, ao seu mais alto nível, está partidarizada. Conheço comandantes da Polícia e outros grandes chefes que possuem cartões de membro do partido no poder. Isso concorre para que a Polícia considere motim todo o movimento que visa desalojar o seu partido do poleiro. A invasão da Força de Intervenção Rápida às assembleias de voto, no mês de Abril deste ano, é sinal inequívoco de que o alto comando da Polícia da República de Moçambique segue objectivos que colidem com a Constituição" colocar no poder o candidato do regime, a qualquer preço. Este facto vem destoando os actos eleitorais realizados, no país, desde os primórdios das eleições multipartidárias, que só servem para impressionar os doadores internacionais. Esta fraude tem suporte nos órgãos eleitorais dominados, até à ponta dos cabelos, pelo tal "glorioso” partido.
Dizer que os serviços da Polícia estão disponíveis, bastando saber usá-los, é uma ousadia e loucura de difícil terapia. Há comandantes operativos que discordam das ordens ilegais, mas, se não agirem de acordo com as orientações superiores, podem correr o risco de ser desmobilizados. Existem excepções à regra para confirmar que, de modo geral, a Polícia anda muito bem "acasalada" ao partido no poder.
Pode chegar a esta conclusão quem acompanha de perto o desenrolar das campanhas eleitorais e não quem esteja fechado num gabinete a inventar crónicas "mentirógenas" de que tudo está bem. A actuação dos agentes da Polícia nas intercalares de Quelimane e Inhambane deveria ter envergonhado qualquer mente mediana. A vergonha é uma qualidade em extinção no seio dos novos ricos de Moçambique que abocanham o poder desde que o regime colonial português ruiu, em 1975.
Se eu preciso, segundo sugere Buque, de visitar um jardim ou infantário para ser gente, então, Buque precisa mas é de ser internado num infantário para deixar de ser tagarela e grosseiro.
CORREIO DA MANHÃ – 27.12.2012