Armamento russo usado na guerra de libertação e na guerra civil
- Entretanto, um dos mecanismos que está a ser estudado é permutar a dívida através da permissão da entrada de empresários russos no país em “regime especial”
O governo moçambicano continua a tentar encontrar mecanismos para a amortização da dívida que o país tem para com a Federação Russa, avaliada em perto de 144 milhões de dólares norte americanos.
Esta informação foi avançada, na manhã desta terça-feira, em Maputo, pelo embaixador designado da República de Moçambique junto da Federação da Rússia, Mário Saraiva Ngwenya, durante a audiência concedida pela Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo.
De acordo com Ngwenya, as autoridades moçambicanas e russas estão, neste momento, em mesa de negociações para encontrar uma forma viável para amortização da dívida, salientando que uma das formas em cogitação é permitir que os empresários russos invistam em Moçambique.
“Brevemente o ministro dos negócios estrangeiros e cooperação da Rússia estará cá, em Maputo, para junto das autoridades moçambicanas fechar as negociações”, fez notar o embaixador designado da República de Moçambique junto da Federação da Rússia, quando explicava a PAR sobre os contornos do processo negocial.
Grande parte da dívida moçambicana com a Rússia foi contraída na compra de equipamento militar que sustentou a guerra civil moçambicana dos 16, assim como, parte da guerra armada de libertação nacional contra o colonialismo português.
Segundo se sabe, não é só com a Rússia que o país endividou-se largamente em meios militares, particularmente na guerra do governo da Frelimo contra os rebeldes da Resistência Nacional de Moçambique. A China foi também um forte fornecedor de armamento militar que o país nunca chegou a conseguir pagar na totalidade. Talvez daí se explica a actual avalancha do investimento chinês no país, particularmente no sector de infra-estruturas públicas.
No passado o governo da Rússia aprovou um acordo sobre a utilização da dívida de Moçambique para o financiamento de projectos de fomento no país. As condições concretas seriam estabelecidas directamente nas negociações com as autoridades moçambicanas.
Moçambique poderia canalizar o valor da dívida perdoada na implementação de um programa para o combate à pobreza, o desenvolvimento da saúde pública e o combate às doenças infecciosas, assim como para o aumento da acessibilidade e qualidade da educação.
A Rússia é um dos parceiros de longa data de Moçambique e, actualmente, as relações de cooperação são guiadas por um acordo rubricado há 10, com base no qual as duas partes realizam consultas políticas anuais. As relações comerciais e económicas entre os dois países são tidas como boas. O volume das trocas comerciais entre Moçambique e Rússia aumentou de 40 milhões de dólares em 2010 para 83 milhões em 2011, o que corresponde a uma subida superior a 100 %.
Esta Federação atribui uma atenção especial para a cooperação com Moçambique na esfera humanitária e ao nível de formação de quadros, depois de em anos anteriores, a cooperação se ter baseado no campo militar, através do fornecimento de armamento ao governo moçambicano.
(Daniel Paulo)
MEDIA FAX – 30.01.2013