O infortúnio deu-se um dia depois de o coronel regressar da China, onde esteve a frequentar um curso desde Agosto do ano findo. O oficial havia deixado a esposa, Olívia Muchanga, de 45 anos, para continuar os estudos na China. O seu regresso estava previsto para Julho próximo, mas este chegou de surpresa domingo à tarde, por razões que a família desconhece.
Segundo conta a sobrinha, Nareia Paulo Comé, o coronel Comé ao desembarcar no aeroporto internacional de Maputo terá pedido ao seu primo que o esperava naquele local para o acompanhar até à casa do irmão, algures no bairro de Boquiço, no município da Matola. Não tendo encontrado o irmão, o finado pediu à cunhada que fizesse uma oração, após o que se despediu.
“Já na segunda-feira, ele foi à casa da minha tia (irmã dele) a quem disse que tudo havia acabado, fazendo crer que estivesse a se referir ao fim do curso que frequentava na China. Depois soubemos que levou a esposa e o enteado, Dormen Matimbe, com quem vivia até à Base Aérea”, narra a sobrinha do coronel.
Chegado à base aérea, manteve a mulher e o filho na viatura que ele próprio conduzia e se dirigiu ao seu gabinete, alegadamente para se apresentar aos colegas. Tal como conta Nareia, instantes depois o coronel saiu do gabinete e arrancou a arma, cujo calibre não foi especificado, a um dos três sargentos que ali se encontravam.
“Após arrancar a arma, dizem que disparou dois tiros para o ar, depois contra a esposa, o enteado e no fim suicidou-se com a mesma arma. Todos perderam a vida ali mesmo. Até agora buscamos causas claras sobre o que de facto terá acontecido para que o tio tomasse aquela decisão e não encontramos respostas”, lamentou.
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Venda de bens móbil do crime?
A venda de uma vivenda localizada em Nampula e outros bens pela esposa do Comandante, com recurso à Procuração concedida pelo marido, terá estado por detrás do crime hediondo de segunda-feira, segundo o porta-voz da Polícia no Comando Geral, Pedro Cossa.
“O finado deixou uma Procuração concedendo plenos poderes à sua esposa, Olívia Muchanga, para gerir o seu património, antes de partir para a China, num processo que não foi bem encaminhado pela senhora em cumplicidade com o filho”, admitiu.
O coronel, de acordo com o porta-voz da Polícia, terá mais tarde recebido denúncias de familiares de que a esposa vendera todo o seu património, o que o levou a regressar de surpresa, para esclarecer o caso e recuperar os bens, caso fosse possível.
Em contacto com a nossa reportagem, Pedro Cossa afirmou não haver motivos passionais neste caso que justificassem uma tal decisão, mas sim o desentendimento do casal sobre o destino dado aos bens do comandante da Base Aérea.
“O que acontece é que ele tomou conhecimento de que a esposa vendera a sua residência de rés-do-chão e primeiro andar em Nampula, dois terrenos na cidade de Maputo e outros bens. Quando regressou pediu esclarecimentos à esposa. Entendeu que tinha sido traído, ficou desequilibrado e matou os dois e depois tirou a sua própria vida”, aclarou Cossa.