O
presidente interino do Mali, Dioncounda Traore, descartou esta quinta-feira
qualquer tipo de negociações com grupos islamitas que governaram o norte do
país durante os últimos nove meses até à intervenção militar Francesa.
Ele disse à Rádio França Internacional (RFI) que está pronto para negociar com
os seculares tuareg do MNLA (Movimento Nacional para a libertação da Azawad),
que exigem independência para o seu povo na parte norte do país.
Mas ele acrescentou que não se vai reunir com qualquer dos três grupos ligados
à al-Qaeda, que tomaram o norte maliano passado, incluindo o grupo Ansar Dine
(Defesa da Fé), de origem local.
“É óbvio que a Ansar Dine está agora desqualificada, não elegível para o
diálogo, sejam quais forem as cores com que se apresentem,” disse Traore.
Em princípios desta semana, um grupo auto-designado Movimento Islâmico da Azawad (MIA) anunciou que se tinha desligado da Ansar Dine.
O movimento distancia-se da Al Qaeda no Magreb Islâmico, o grupo dominante na região, e disse estar pronto para conversações com Bamako.
“Esta história do MIA não pega,”disse Traore.
“Porque os receios agora mudaram de lado, eles estão agora a tentar encontrar uma saída,” disse
“O único grupo com o qual nós podemos negociar é definitivamente o MNLA, desde que ele abandone todas reivindicações territoriais,” disse.
Foi o MNLA, apoiado em armamento espalhado pela região após a queda de Muamar Qhaddafi na Líbia, que o movimento lançou uma ofensiva militar em Janeiro de 2012.
Eles rapidamente invadiram o sul, virtualmente sem oposição depois do golpe militar em Bamako.
Mas eles foram subsequentemente superados pela AQIM, um dos seus apoiantes e a Ansar dine, que foi formada semanas antes por um histórico líder tuareg.
Azawad é um nome da língua Tamasheq dos tuareg, a uma região que engloba o norte do Mali e que se estande por vários países vizinhos e por cuja independência o MNLA tem estado a lutar por décadas.
A força militar superior da França obrigou os rebeldes a retirarem-se e permitiu o exército do Mali reocupar as principais cidades do norte do país.
Contudo, Paris realçou uma solução final só pode ser encontrada através de negociações entre as autoridades de Bamako e os legítimos representantes dos povos do norte.
Sapa/bm/mz
AIM – 31.01.2013