Cansando de correr pelo mundo Zac Nhassavele regressou ao país em finais do ano passado e instalou-se no ninho da família, algures no populoso bairro Patrice Lumumba, arredores do Município da Matola, onde tem a missão de gerir o estúdio de gravação montado pelo seu irmão mais novo, Benjamim Nhassavele, um guitarrista por excelência, radicado na vizinha África do Sul.
Segundo o interlocutor, doravante quer se dedicar ao trabalho da masterização pois, segundo defendeu, trata-se de uma área de gravação musical pouco dominada pelos moçambicanos.
Para o efeito, conta que durante o tempo em que viveu na vizinha África do Sul se dedicou exclusivamente ao conhecimento e domínio da engenharia do som.
“(…) há muitos colegas que são, com muito sacrifício, obrigados a deslocar-se para fora do país apenas para fazer masterização das músicas, tudo porque se trata de uma técnica pouco dominada cá entre nós. Por isso vou me dedicar a isso”, disse.
Para além de se dedicar ao trabalho de estúdio, vai paralelamente trabalhar com a banda do seu irmão Filipe Nhassavele na promoção de espectáculos e outros eventos culturais.
“Queria criar uma banda minha, mas o meu irmão sugeriu que trabalhássemos juntos e dentro em breve vamos começar a ensaiar porque pretendo realizar alguns espectáculos de promoção do meu novo disco”, disse.
Um regresso com Gospel
Durante o tempo de permanência na terra do rand, Zac Nhassavele encantou-se com a música gospel e não se fez de rogado, juntou-se a alguns músicos locais e produziu o disco “Gospel My Way – Vula Matihlo Ya Mina”, constituído por dez faixas cantadas em xitsua e changana.
Diz que é um disco de música gospel mas com muita influência rítmica moçambicana.
“Quis fazer um gospel diferente do sul-africano e para o efeito, explorei sonoridades moçambicanas”, explicou acrescentando que o disco é uma homenagem aos seus pais que o introduziram à vida religiosa e por simpatia à música gospel ainda em tenra idade.
“Já cantava gospel, mas não como artista profissional. Comecei a cantar na Igreja Metodista. Aliás, foi lá onde todos (irmãos) aprendemos a cantar levados pelos nossos pais, por isso este disco fi-lo para os homenagear”, disse.
Entretanto, Zac Nhassavele se mostra preocupado com a falta de uma editora que possa agenciar a colocação do disco no mercado.
Diz ser triste a forma como os discos são vendidos no país e desabafa: “Vende-se discos como se de amendoim se tratasse”.
Na sequência diz não saber como vai fazer o lançamento do seu novo disco no entanto, está a estudar a possibilidade de uma produção independente.
Quatro discos em três décadas
Zac Nhassavele iniciou a sua actividade artística em 1980. Foi vocalista da “Formação 82”, uma banda liderada na voz por Stewart Sukuma que ainda militava o Aniceto Guibissa.
Em 1982 foi classificado em terceiro lugar no concurso de música “Canção da Minha Autoria” realizado no cinema Gil Vicente. Depois disso rumou para Itália, isso no ano de 1983, onde formou a banda “Marrabenta” com músicos locais, a qual de dedicava a produção e promoção da música moçambicana.
Foi com esta banda que gravou em 1994 a famosa “Na Ku Randza”, cujo vídeo clip fez furor na Televisão de Moçambique.
Ao longo da sua carreira gravou quatro discos, mas o mais destacado é o álbum “Marrabenta”.