LEVIATÃ Por Laurindos Macuácua
Bom dia, senhor Presidente Armando Guebuza. Sei que as vezes é redundante perguntar se está bem de saúde.
Hoje decidi dizer-lhe, para que saiba por mim e não por outras pessoas, que sou por natureza optimista! Em regra, mesmo com dificuldades tenho sempre a ideia de que tudo pode correr melhor. Não estranha, Presidente. É apenas uma questão de ter esperança e, sobretudo, de a aplicar.
Mas devo reconhecer, Presidente, que ultimamente tenho dificuldades em me perceber. Tentei a introspecção e nada! Julgo que a primeira e fundamental razão da minha descrença é a convicção de que o principal problema dos moçambicanos, neste momento, é a sua certeza de que não podem e não têm certezas sobre nada.
Para mim, e julgo que para todos os que olham e analisam os fenómenos políticos contemporâneos, o que ressalta de imediato é um sentimento de imprevisibilidade.
É um sentimento complicado e complexo e pode trazer consigo as mais imprevisíveis consequências.
Tenho para mim que, no actual momento em que vivemos, não há um moçambicano que saiba o que vai ser o seu amanhã.
Estamos a viver o caos. O apocalipse. E tudo por culpa do Governo que temos.
Este País está de pernas para o ar. Ora é a polícia que quer entrar em greve. Ora é o SISE que reclama. Os desmobilizados da guerra também. Tudo isto porque o Governo da Frelimo não quer dar dinheiro. Mete nos seus bolsos e o povo que se dane!
Não sei porquê! Mas não tenho tanta certeza que o senhor Presidente não esteja ligado ao escândalo de madeira em que está envolvido o seu ministro José Pacheco. Quer dizer: Moçambique é da Frelimo. Desvata as nossas florestas, enche os seus bolsos e não tem nada a ver com ninguém!
Segreda-me uma coisa, Presidente: afinal em que sector o seu Governo acertou? Reclama-se em todo lado. Há desvios de fundos no Ministério da Educação. O Ministério da Saúde está a cair aos poucos. Nos Transportes e Comunicações também. Que Governo é este?
Eu sei, Presidente, que, provavelmente, o senhor e os seus ministros não estão interessados em ver o povo sentado à boa mesa, porque com o dinheiro que nos roubam podem refastelar-se lá fora. Mas não têm vergonha de roubar o vosso próprio País? Isto não se difere de roubar a nossa própria mãe ou pai!
Presidente, quando penso nestas situações, que são as do dia-a-dia das pessoas, e ao mesmo tempo ouço e leio as notícias e os comentários, fico pasmado!
A proliferação de manifestações e de outros actos censuráveis, a meu ver considerados inorgânicos, assume e deve ter a maior atenção dos responsáveis políticos do País.
O que daqui pode resultar ninguém sabe. As guerras resultam, determinadas vezes, da marginalização do povo. Nós não podemos ter um punhado de gente que devasta o nosso País e continuarmos calados. Um dia o Pacheco e os seus terão que nos devolver a nossa madeira. Todo o gatuno da Frelimo a história vai lhe fazer justiça. E olha, Presidente, que a história não absolve os corruptos!
Tenho pena do povo, porque ninguém fala para ele! Ninguém lhe diz o que pode fazer pelo seu país! Ninguém lhe assegura que pode a partir daqui, mesmo na situação actual, projectar e prever o seu futuro!
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 22.02.2013