“É arriscado criticar a hierarquia de um país que desde a independência é governado de forma autoritária pela FRELIMO, contudo há quem o faça”, Jornal alemão, Die Zeit
As desigualdades de oportunidades e benefícios na riqueza nacional gerada pelos recursos naturais em Moçambique mereceram um extenso artigo de um jornal alemão que denunciou e criticou uma “gritante injustiça na distribuição de riqueza” no país.
O semanário alemão Die Zeit refere no seu extenso artigo sobre a indústria extractiva em Moçambique que “grande parte da população de nada beneficia” com a riqueza do país.
“Apesar de Moçambique ser considerado o quarto país mais pobre do mundo (N.R.: análise baseada no Índice de Desenvolvimento Humano-IDH), abriu-se uma corrida ao carvão, ouro e gás e é neste âmbito que empresas estrangeiras investem aqui milhares de milhões de dólares mas que ao invés de ajudar os 24 milhões de habitantes a sair da pobreza, acabam por enchendo os bolsos de alguns”, lê-se no artigo do Die Zeit.
“É arriscado criticar a hierarquia de um país que desde a independência é governado de forma autoritária pela FRELIMO”, contudo há quem o faça, salienta o Die Zeit. Um dos que arrisca é Rogério Ossemane, do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), de Maputo. Ossemane “luta para que milhares de milhões gerados pelo carvão, gás e ouro sejam aplicados em benefício da população e exige mais transparência quer nos contratos quer no que toca ao comportamento das empresas estrangeiras”, lê-se no artigo.