Além da propalada crise financeira na Europa em
crescendo desde 2012, na questão da emigração outras causas poderão contribuir
para o actual míni-êxodo português para qualquer parte do mundo, em particular
para Moçambique. Nesse âmbito teríamos algumas causas conjunturais a
equacionar:
- 1. A tradicional deficiência portuguesa de gestão e valorização de seus próprios recursos humanos. Uma questão de cariz cultural do género “santos da casa não fazem milagres” ou expectante que a solução venha de fora. Quiçá, reminiscência histórica e institucional de um sebastianismo seiscentista de triste memória. Quem espera desespera, como diz o aforismo luso. Daí a busca de uma solução fora de Portugal.
- 2. Outra causa do desalento do trabalhador(a) português e portuguesa seria grosso modo, a falta de incentivo à produtividade numa maior exigência a mais qualidade e não a mais quantidade por si só. Nesse pressuposto, positivo seria premiar o mais apto e proporcionar uma formação profissional contínua ao menos qualificado, visando sua evolução técnico-profissional. Esse upgrade curricular seria uma mais-valia produtiva fixando o funcionário ao emprego.
- 3. Outro incentivo seria um bónus mensal no salário do funcionário mais empenhado, premiando o seu mérito. Este modelo funcionou nos países mais desenvolvidos como estímulo ao trabalhador reconhecendo o seu valor, o que psicologicamente motiva o mesmo a dar o seu melhor contributo no trabalho.■
Consequências da Precipitação Emigratória Portuguesa, a Moçambique
Sobre o tema temos observado que um certo complexo (pós) colonial tem sido a tónica de muitos portugueses nos pedidos de vistos nos Consulados da Embaixada de Moçambique em Portugal. Patente atitudes arrogantes de muitos desses candidatos a vistos esquecendo-se de que Moçambique não é mais colónia portuguesa desde 1975. Se à partida tem sido assim, muitas reclamações têm vindo também de Maputo sobre certas atitudes impróprias no trato com os locais.
Na realidade, Moçambique tem frisado que precisa de investidores para o desenvolvimento organizado e não de pessoas desempregadas ou afins, em busca de qualquer emprego. “É que para os desempregados e desempregadas bastam os que Moçambique têm, alguns até qualificados,” dizem-nos. Para a situação de desemprego luso vivida, obviamente, a solução estará em Portugal ainda que na Europa a crise sistémica bancária dificulte esse desiderato. O problema é superar o desalento generalizado no imaginário colectivo português. Uma espécie de bipolaridade política e social em ebulição, talvez, fruto de alguma desinformação dos meios de comunicação social em Portugal precipitando os portugueses e portuguesas a uma aventura desastrosa em Moçambique.
O AUTARCA – 06.02.2013