Informações em nosso poder dão ainda conta que até funcionários que se encontram na reforma faziam parte do esquema de corrupção. Houve funcionários que auferiam cerca de 15 000 meticais que viram os seus ordenados subir para... 85 000 meticais.
Afinal, o responsável financeiro - uma das pedras principais do desvio de cerca de 144 milhões de meticais no Ministério da Educação - abandonou o MINED e está foragido, desde Dezembro de 2012, quando o caso foi denunciado pelo banco, um mês antes da sua fuga, e já foi emitido um mandado de busca e captura contra si.
Segundo uma carta-denúncia enviada ontem à nossa redacção, dado o estranho desaparecimento do responsável pelos pagamentos e cérebro do desvio de cerca de dois milhões de meticais por mês, desde 2006, suspendeu-se o chefe do Departamento Financeiro para averiguações, sob suspeita do mesmo estar envolvido no caso.
No mesmo documento, pode ler-se que um outro técnico ligado à área financeira há menos de seis meses foi transferido para um outro departamento, para investigações, pelo facto do mesmo estar a ostentar sinais externos de riqueza.
Na carta-denúncia, supostamente produzida por funcionários do Ministério da Educação que não quiseram identificar-se, os mesmos avançam que o clima que se vive no MINED é tenso para os visados no processo, devido às sessões de interrogatórios. Um dos funcionários que está a ser investigado é a secretária do director do Ensino Técnico Profissional, que viu o seu salário engordar dos magros 6 000 para 30 000 meticais.
Questionada pela equipa de investigação do Gabinete Central de Combate à Corrupção se não estranhou o “chorudo” aumento em tão pouco tempo, e sem passar por nenhum processo legal, a mesma respondeu que pensou que se tratasse de um processo normal.
Estranho ou não, o rombo dos cerca de 144 milhões de meticais nos cofres do Ministério da Educação remonta a 2006, ano em que Aires Ali, antigo primeiro-ministro, era tutelar da pasta. Curiosamente, mesmo com a passagem de Zeferino Martins pelo MINED, o escândalo só veio a ser detectado com a subida de Augusto Jone ao cargo.
O PAÍS – 21.02.2013