A preocupação foi apresentada, há dias, em Baue, pela população da localidade de Nyamawabue, no decurso de um encontro popular orientado pelo governador provincial de Tete, Ratxide Gogo. Os cidadãos indicaram que tais problemas resultam, em grande medida, da falta de um trabalho de manutenção rotineira ao longo dos cerca de sete quilómetros daquele empreendimento ferroviário, por sinal, o maior do género no país.
“Para além da falta de iluminação pública à noite, ao longo do apeadeiro existem enormes buracos e por ali passam muitas crianças, adultos e velhos que um dia correm o risco de cair no rio” – anotaram os residentes locais intervindo no comício.
Outra questão levantada pelos residentes locais relaciona-se com o deficiente acesso rodoviário ao distrito de Mutarara, uma situação que, referiram, causa o fraco desenvolvimento socioeconómico daquela região do delta do Zambeze e a falta de outros serviços cruciais, nomeadamente agências bancárias e outros.
Entretanto, com relação à primeira preocupação, o governador de Tete prometeu que nos próximos dias serão encetados contactos com a entidade que supervisiona a ponte com vista à solução dos problemas porque, de acordo com as suas palavras, não faz sentido passando por aquela infra-estrutura uma linha de transporte de energia eléctrica a mesma estar sem iluminação pública.
No encontro com Ratxide Gogo, a população de Mutarara voltou a apresentar como uma das suas principais preocupações que lhes afectam a demora na conclusão da construção das casas das vítimas das cheias de 2007 e 2008, a deficiente circulação do comboio de passageiros para as cidades de Tete e Beira, a falta de estabelecimentos comerciais para a aquisição dos produtos da primeira necessidade, entre outras.
Reagindo às preocupações, Ratxide Gogo anotou que a população está activa sendo que o pedido que fazem da necessidade do melhoramento das vias de acesso para facilitar a livre circulação de pessoas e bens constitui uma das prioridades do programa do Governo.
Referiu que o executivo central está a envidar esforços visando encontrar parceiros com meios materiais e financeiros para a construção de uma estrada de raiz ligando a cidade de Tete e a localidade de Nyamawabue, num troço de cerca de 300 quilómetros.
“A solução definitiva do acesso à Mutarara passa, necessariamente, por termos uma estrada asfaltada tendo em conta que a região situa-se numa zona baixa ao longo da margem esquerda do rio Zambeze. Se os esforços do Governo surtirem efeitos positivos tenho fé de que o distrito vai registar outro ritmo do seu desenvolvimento socioeconómico” – salientou Gogo.
Entretanto, relativamente à possibilidade de tornar “Dona Ana” numa ponte mista (ferro/rodoviária), Ratxide Gogo afirmou que seria de facto uma das alternativas para desenvolvimento sustentável daquela região a sul da província de Tete, mas devido aos seus elevados custos, o Governo vai optar por uma outra solução com menos custos e abrangente para todo o distrito.
Por seu turno, Chivavice Muchangaje, administrador distrital de Mutarara, acrescentou que o governo local já manteve contactos com algumas agências bancárias, no país, para a sua representação naquele ponto da província de Tete, mas a resposta tem sido negativa, alegadamente por falta de vias de acesso rodoviário, desculpa que, na sua opinião, não tem cabimento, uma vez que, semanalmente, circulam comboios de passageiros na trajectória Beira/Moatize.
“Uma instituição bancária faz falta aqui em Mutarara. Os salários hoje são pagos via banco e as pessoas são obrigadas a efectuar uma deslocação de cerca de 60 quilómetros até Caia para encontrar um banco e isto implica constantes ausências dos funcionários nos seus postos de trabalho para movimentar o salário e isto é bastante doloroso” – reconheceu Chivavice.
Entretanto, na sequência das inundações que nos princípios do presente ano destruíram cerca de 1570 hectares de culturas diversas, as autoridades governamentais de Tete estão a providenciar insumos agrícolas para as perto de 1100 famílias afectadas, com destaque para sementes de milho e hortícolas.
- Bernardo Carlos