Ele reagia a decisão do maior partido da oposição nacional de não participar nas eleições autárquicas a ocorrerem a 20 de Novembro do ano corrente, bem como a ameaça de inviabilizar a realização do pleito pela via da violência.
A Renamo até ao momento ameaça não participar nas eleições autárquicas mas nós não sabemos se a Renamo, de facto, não vai participar. Já ouvimos o posicionamento dos americanos a sensibilizarem a Renamo a participar dos pleitos eleitorais e de tempos em tempos temos visto que Dhlamaka reage quando a comunidade internacional o vai dando palmadinhas nas costas para ele participar como se ele funcionasse a reboque desta mesma comunidade internacional . Vamos ver como ele reage aos estímulos externos ao país , como ele reage a este apelo dos americanos e não só, da comunidade internacional e como a Renamo se vai posicionar nos próximos tempos em volta desta matéria das eleicoes , afirmou.
Mas em que medida estas ameaças da Renamo poderão criar um clima de intranquilidade e medo juntos dos eleitores questionamos ao entrevistado ao que respondeu:
“Eu penso que no interior do país e não só, as pessoas se preocupam sempre que a Renamo vem falar da guerra. Para quem viveu e acompanhou o período da guerra sabe o que é ir dormir ouvindo tiros ir dormir debaixo da cama, pode-se perceber porque é que as pessoas tenham medo e ficam intranquilas quando a Renamo faz este discurso de retorno a guerra. Mas há também jovens que conhecem a guerra apenas pelos livros de história e que certeza não dão muito crédito ao discurso da Renamo. Eu penso que a Renamo perde uma vez mais a oportunidade de participar dos processos políticos, de intervir , de colocar a sua visão de governação dos municípios e é uma oportunidade que a Renamo tem de mostrar a sua base social que está presente no campo político”.
Para o sociólogo Hélder Jauna, ao não participar nos pleitos eleitorais, a Renamo estará a afastar a sua base social de apoio.
“Na verdade, a Renamo ao fazer este discurso belicista, afasta a sua base social de apoio de participar nas eleições e entrega a esta mesma base a outras forcas políticas porque as pessoas não são internamente fiéis a um partido político em função do candidato que aparece, em função da visão que apresenta de governação , esta base social de apoio da Renamo pode deslocar-se para outras forcas politicas”.
Jauna é de opinião que a atitude do maior partido da oposição nacional de afastar-se dos processos eleitorais poderá ter um custo político elevado “ que são as sucessivas derrotas que a Renamo tem tido nos últimos pleitos eleitorais”.
Arão Nhancale não está a ser perseguido
Na recente entrevista concedida ao “ noticias” o sociólogo e analista politico, Hélder Jauana, também reagiu a moção de censura do comité de cidade da Frelimo, na cidade da Matola, contra o edil da urbe, Arao Nhancale, negando tratar-se de perseguição de alguns membros daquela formação politica.
Questionado sobre o porque a bancada do partido no poder na Matola, não censurou também o Presidente da edilidade, o entrevistado explicou:
“ Aqui há um aspecto que é aquilo que nós queremos que seja, nos pensamos muitas vezes que pelo facto do comité da cidade ter já apresentado uma moção de censura , necessariamente a bancada devia apresentar uma moção de censura. Eu penso que a Frelimo ela como partido tem uma estratégia. Se a bancada não apresentou uma moção de censura deve ter alguma reflexão. Se não houve , a Frelimo sabe que estratégia está a apresentar e porque é que a bancada na assembleia não apresentou uma moção de censura. Mas penso que esta é uma altura em que os militantes da Frelimo e dos outros partidos políticos devem seguir para as próximas eleições autárquicas e esta questão da moção da bancada, deve também ser percebida em função dos passos que estão a ser dados para as eleições autárquicas de 20 de Novembro. Não podemos perder de vista que a Frelimo pode com uma moção de censura na assembleia tentar passar uma mensagem para fora, e não sabemos qual será a implicação dessa mensagem para fora, por isso o comité da cidade fez a sua moção, por isso ainda não vimos uma moção da bancada da Frelimo na assembeia municipal. A Frelimo deve ter a sua estratégia que fundamente este facto da bancada não ter apresentado uma moção”.
Perguntamos também ao Jauna como se explicava que um edil que se diz ter cumprido o seu manifesto em mais de 80 por cento tenha sido alvo de uma mocao de censura ao que nos respondeu:
Eu penso que houve um pronunciamento dos órgãos centrais da Frelimo a volta do cumprimento do manifesto. Mas também, no Comité da Cidade, há um pronunciamento dos militantes ao nível da cidade da Matola, a volta da governação deste edil. Aqui vem ao de cima a questão que eu coloquei de que os partidos políticos e nem a Frelimo é monolítica. Isto mostra que dentro da própria Frelimo há tendências internas, há uma avaliação que é geral dos órgãos centrais mas que não invalida e nem invalidou que os militantes também ao nível da cidade fizessem também a sua avaliação como órgão da cidade da Matola, da gestão do actual edil daquela cidade.
O entrevistado disse não concordar que Nhancale esteja a ser vitimas de pressões politicas ou de interesses extra-municipais, explicando que “ quando se aproximam os períodos de eleição há muitas crispações e isso não é só em Moçambique . Mas é preciso também ter presente o que foi acontecendo ao longo dos cinco anos na gestão do Município, e só os militantes da Frelimo que apresentaram esta moção de censura ao nível dos órgãos políticos da cidade da Matola devem saber porque que o fizeram e o que eles viveram ao longo deste período. Nós como munícipes não temos acesso muitas vezes aos bastidores da política e, nos bastidores da política acontece muita coisa, porque é lá onde acontecem as coisas, é lá onde se cozinham as coisas e é lá onde muitas vezes se encontram os fundamentos das decisões que são tomadas. Não creio que haja uma perseguição individual. Dentro dos órgãos da Frelimo na Matola há quem considere a gestão de Arao Nhancale, uma boa gestão, e há quem considere que não foi feita uma boa gestão, e por isso é que temos estes posicionamentos divergentes mas que há um comando , uma voz, que é a voz que fala em nome do partido , que foi a voz do secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, a fazer a avaliação que o partido faz da governação da edilidade”.