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Por: Nando Colasso – Beira
Concordando plenamente com o Editorial desta semana do O Autarca
Tem toda razão do mundo o Editor do Jornal quando refere no último Editorial que a questão da alternância no poder deve vir de todos. Pois, quando se fala de bons exemplos na governação estes devem vir de todos os titulares de cargos públicos.
Os cidadãos eleitos e ou nomeados para cargos de governação não são insubstituíveis; e no espiríto da democracia tem de começar a verificarem-se exemplos práticos deste preceito da Boa Governação.
Não importa o nível, desde um conselho municipal até ao presidente da república, temos de ver as pessoas agindo em conformidade com o princípio de que a alternância no poder faz bem a democracia.
Existe neste momento um vazio legal ou a falta de legislação que limita o exercício do cargo de presidente de conselho municipal que importa eliminar e cabe ao legislador e ao governo tomarem iniciativa de preencher esta lacuna.
Aqueles que pugnam pela democracia não devem hesitar em colocar fim a possibilidade de uma pessoa exercer cargo por eleição de maneira praticamente vitalícia como acontece na Madeira de João Jardim.
É de lacunas legais que se aproveitam alguns para imporem a sua presença.
O controlo da máquina administrativa, o poder que os cargos conferem é muitas vezes utilizado de maneira contrária aos objectivos proclamados.
A ocupação por demasiado tempo de um cargo enfraquece e faz perder perspectiva.
Os hábitos criados alguns dos quais maus são como que calos que se criam nas nádegas se a pessoa passa o tempo todo sentada.
Com o aproximar de mais um pleito eleitoral a nível autárquico há uma soberana oportunidade de vermos alguns concorrentes desistindo de candidatarem-se em nome da renovação governativa.
Esperemos que alguns edís aproveitem a ocasião e anunciem ao país que não concorrerão para dar lugar a outros moçambicanos, mostrarem seus dotes, conhecimentos e experiência.
O tempo não é de falar só dos outros. De dizermos que há líderes que não querem abandonar o poder quando fazemos exactamente o mesmo. O exemplo vale mais que mil palavras e que isso aconteça com aqueles que já cumpriram dois mandatos.
Os municípios têm a ganhar com sangue novo e ideias novas. A auto-satisfação, o auto-elogio acompanham muitas vezes os líderes que se recusam a abandonar a cadeira do poder. E isso trava os desenvolvimentos possíveis.
Reconheçamos que o poder por demasiado tempo tem a propriedade de corromper pessoas.
A terminar uma palavra ao Presidente do Município da Beira, que tanto admiro a sua ousadia política.
O Engenheiro Daviz Simando tem criticado bastante o regime da Frelimo, reclamando a necessidade imperiosa da alternância no poder. Até aí tudo bem.
Mas, julgo que já é tempo suficiente e tem oportunidade plena para tal, dar lição prática. Mostre ao povo moçambicano que não você não é igual aos outros.
Anuncie agora a sua renúncia para dar lugar aos outros. Se fizer isso juro que o povo moçambicano e a comunidade internacional vai ter fé sobre os seus planos políticos, orientados para uma democracia e convivência política salutar.
Se não fizer isso, estará dando provas suficientes de que é mais um ambicioso e egoísta político.
Até porque o que fez quando recusou a decisão da Renamo que o levou a cadeira actual deu para perceber que se estava perante mais um apaixonado pelo poder, que deixou se corromper a ponto de não querer largar mais o poder.
Mas, passado é passado...
Acredito que hoje está mais maduro do que ontem...
Então dê o melhor exemplo abandonando o poder, acreditando que o partido que criou tem muitas figuras inteligentes para exercer melhor o cargo de Presidente do Conselho Municipal da Beira.
Refiro-me, por exemplo, do Carvalho, conhecido pelas suas atitudes desde Cheringoma, a ponto de merecer confiança política do partido para ser eleito deputado da Assembleia da República, o Sousa com larga experiência como empregado de pequena empresa de pesca na cidade da Beira, e muitos outros que preenchem a elite lista do MDM na sua cavalgada caminhada pelo poder.
É preciso ser justo como justo.
Reitero que admiro a sua ousadia política, pelo que chamo atenção para não defraudar a expectativa que os moçambicanos tem por si.
O país já teve muitos dirigentes enganosos.■
O AUTARCA – 27.03.2013