MARCO DO CORREIO, por Machado da Graça
Olá Julieta
Como estás tu, minha boa amiga? E o teu marido e as crianças? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
O que parece não estar nada bem é esta matança de civis inocentes por alguns agentes da nossa polícia.
A última vítima, numa lista que já vai longa, foi o motorista de “chapa” Alfredo Tivane.
Morto por tiros de AKM disparados por dois polícias.
Como para tentar atenuar a culpa da sua corporação, o porta-voz da PRM afirmou que, quer na morte de Tivane, quer num outro crime semelhante, em Tete, os criminosos foram polícias estagiários.
Ora isso, na minha modesta opinião, não só não diminui a culpa como a agrava.
Se a PRM usa esse argumento, indicando que os estagiários são acompanhados por polícias mais experientes, que os ensinam, isso significa que tem consciência de que os novos polícias saem com deficiências de formação da Escola da Polícia.
Ora, aparentemente, isso não impede que lhes sejam atribuidas armas de guerra, como é o caso da espingarda automática AKM. O que me parece clara irresponsabilidade.
Apesar da semelhança entre o assassinato de Tivane e o de Macie, na África do Sul, as diferenças são, também, grandes:
O Presidente Zuma, em pessoa, condenou o assassinato. O nosso Presidente tem andado, talvez, demasiado ocupado a cultivar a autoestima, ou a tratar dos negócios, e não teve tempo para nenhum pronunciamento.
No caso Macie, o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros fez uma condenação forte, inequívoca. No caso Tivane nenhum membro do Governo sequer se pronunciou. Macie foi acompanhado à última morada por autoridades oficiais.
No caso Tivane estas brilharam pela ausência e o funeral foi apenas acompanhado por gente enfurecida contra a Polícia.
Semelhanças e diferenças que são de leitura obrigatória, se queremos perceber quem, realmente, somos e como actuamos.
Um beijo para ti
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 29.03.2013