Outro foco de tensão
“As nossas ordens são verticais (de cima para baixo). O chefe do Estado-Maior-General disse na abertura do ano operacional militar de 2013, na Catembe, para que se descontasse um dia de salário de todos os funcionários do ministério para apoiar as vítimas das cheias” - Benjamim Chabuala, assessor de Imprensa do ministro da Defesa.
“Houve uma declaração onde todos os funcionários do Ministério do Interior aceitam que deviam ser descontados seus salários em apoio às vítimas das cheias” - Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia
Depois das declarações ofensivas do comandante-geral da Polícia, Jorge Khalau, há dias, em resposta ao anúncio de greve dos polícias para Abril próximo, o ambiente continua de cortar à faca na corporação. Foram decididos e implementados descontos coercivos nos salários de Fevereiro dos policias e eles não gostaram. Situação similar é reportada no exército, onde os militares também dizem que foram descontados, sem prévia informação, um dia do seu salário, para alegado “apoio às vítimas das cheias”. Enquanto isso está a crescer o descontentamente tanto na Policia como no Exército por causas destes descontos impostos pelas hierarquias respectivas.
O assessor de Imprensa do ministro da Defesa, Benjamim Chabuala, disse que as ordens do desconto para os militares foram avançadas pelo chefe do Estado-Maior-General das FADM.
Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia (PRM), diz que houve uma circular a instruir os descontos e “todos polícias concordaram”.
Polícias e militares ouvidos pelo Canalmoz disseram que não estão contra apoios às vítimas das cheias, mas, sim, com os moldes em que os descontos foram feitos. “Por exemplo, na escola do meu filho contribui com roupas e calçados. Nós somos solidários pela nossa missão, somos ensinados a ser voluntários”, disse um polícia.