Há duas semanas, Bissopo e alguns dos seus colegas do partido foram detidos por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) na região da Gorongosa, depois de desobedecerem uma ordem de parar num posto de controlo instalado na zona, agravado pelo facto de se terem identificado com nomes falsos. A falsa identidade não permitiu aos agentes da PRM apurar que os mesmos gozavam de imunidade parlamentar.
Alguns entendidos na táctica da Renamo, assumem que Bissopo poderá alegar o facto de ter sido anteriormente detido para justificar a força privada que o acompanha.
Aliás, a sua detenção foi por ter ignorado uma ordem de paragem num posto de controlo obrigatório. Além disso, os agentes da PRM não sabiam que ele era o Secretário-geral da Renamo.
Por isso, logo que se aperceberam da sua identidade trataram de restituí-lo a liberdade, algo que aconteceu horas mais tarde.
Bissopo poderá agora valer-se disso para justificar a protecção privada, a semelhança do seu líder, que afirma não depositar nenhuma confiança na PRM.
Até agora, apenas líder da Renamo fazia uso de uma força privada para a sua protecção. Apesar de se ter comprometido a transformar a Renamo em partido político, Afonso Dhlakama nunca se desfez totalmente de todos os seus antigos combatentes.
Uma fonte não oficial, mas digna de crédito e que esteve presente no evento, disse à AIM, a partir da Beira, que antes do comício Bissopo percorreu algumas das artérias daquela urbe integrado numa grande comitiva composta de vários carros e motorizadas escoltados pelos referidos homens armados.
Disse que pelo aspecto, muita gente foi levada a acreditar que o próprio Dhlakama estaria a visitar a cidade.
Revelou ainda que tudo indica que a Renamo terá organizado esta comitiva pomposa para iludir as pessoas e tentar fazer crer que o próprio Dhlakama estaria presente naquela coluna, e com isso atrair mais pessoas ao comício.
Vincou que nunca antes os seus homens armados fizeram protecção de nenhuma das colunas ou dirigentes deste partido sem a presença de Dhlakama.
A própria Força de Intervenção Rápida (FIR) acabou acompanhando a comitiva convencida de que estariam na presença de Dhlakama. Isto terá sido em função do seu dever de garantir a segurança dos líderes políticos da Renamo e de todas as outras forças políticas, uma prática normal quando envolve marchas e comícios.
A fonte da AIM disse acreditar que a polícia se juntou á coluna apesar de não ter sido informada com antecedência da realização daquela comitiva, pelo facto de a mesma ter partido de Santugira, onde Dhlakama se encontra instalado nos últimos meses.
A comitiva também passou pelos postos de controlo policial livremente, porque os agentes da PRM assumiram que pela sua envergadura e pompa, estaria nela o próprio Dhlakama que, neste caso, goza do direito de protecção pelas forças policiais, apesar de manter uma força privada para o efeito.
A AIM tentou, sem sucesso, apurar junto da policia se teria sido informada da partida desta comitiva de Santugira para Beira e da realização do comício.
GM/sg
AIM – 27.04.2013