Com um custo total de 27,2 milhões de dólares financiados pelo Governo, através do Millennium Challenge Account (MCA), as obras consumiram até meados deste mês cerca de 17,5 milhões de dólares, correspondentes a um nível de execução da obra calculada em 68 porcento.
Em declarações ao nosso Jornal, o representante do Governo no projecto Reabilitação e Extensão do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais para a cidade de Quelimane, Fernando Nhampossa explicou que a intervenção no sistema de saneamento naquela cidade já começou a dar resultados, sendo que já na última época chuvosa era possível verificar que havia menos concentração de água e menor tempo de escoamento.
Segundo explicou a fonte, o projecto da cidade de Quelimane foi dividido em duas partes, nomeadamente a parte urbana que era um sistema fechado e a zona peri-urbana que é composto por canais a céu aberto.
“Em termos de dimensões, pode-se dizer que na zona urbana estamos a trabalhar com cerca de dez quilómetros de tubagem e na zona peri-urbana estamos a falar de 11,7 quilómetros”, explicou Nhampossa.Apontou que uma das razões que fez com que o Governo de Moçambique decidisse investir em Quelimane é que o sistema construído durante o tempo colonial era obsoleto e tinha as linhas de água dentro de propriedades o que fazia com que fosse difícil fazer a sua manutenção.
A outra situação é que não existem caixas de visita daí que não era possível abrir e verificar o estado do sistema. “Então, um dos trabalhos que temos é introduzir o equipamento para trazer a imagem ao exterior para vermos qual é o estado actual do sistema”.
Segundo o representante do Governo no projecto, atendendo também que Quelimane é muito plano - com quotas que estão entre seis a sete metros em relação ao nível médio das águas do mar, o que tem algumas implicações em relação ao nível freático que é muito alto, de tal forma que houve a necessidade de se recorrer a alguns equipamentos para baixar o lençol freático como forma de garantir a cofragem e estabilidade dos solos.
Neste momento, segundo referiu a nossa fonte, o trabalho na zona urbana está basicamente concluído, faltando pequenos trabalhos relacionados com as caixas de visita e as sarjetas.
“Na parte peri-urbana também estamos a 61 por cento de execução. Prevemos que até final de Julho teremos a vala mais comprida do projecto concluída”.
Cidade de Quelimane
Mais gente reassentada para dar lugar às obras
O representante do Governo no projecto de drenagem de Quelimane reconheceu que o número de pessoas a ser reassentada, sobretudo nas zonas peri-urbanas, será bem maior que o inicialmente previsto.
No início do projecto, as estimativas apontavam para a necessidade de reassentar 423 pessoas que seriam afectadas pelas obras de reabilitação e expansão do sistema de Drenagem Pluvial da cidade de Quelimane. Entretanto, durante os trabalhos constatou-se que o número será bem maior que o previsto, sobretudo porque houve a necessidade de se reajustar o projecto de acordo com as linhas de água.
“De facto, estamos a ter mais gente a ser transferida devido ao erro de precisão do consultor na identificação de zonas por onde o projecto devia passar. Entretanto, quando o empreiteiro começa a implantar a obra verificou que o canal começava a atingir mais pessoas. No exercício de ajustar o projecto para a linha de água, começou-se a identificar mais gente que precisa de ser movimentada”, explicou Nhampossa.
Na ocasião, referiu também que todo este processo associado a outros factores acabou contribuindo para o atraso do arranque dos trabalhos.
Acrescentou que o próprio empreiteiro não foi célere na mobilização dos equipamentos. Há também a considerar que o projecto foi desenhado em língua inglesa e com níveis de exigências ambientais extremamente elevados, o mesmo acontecendo na componente de segurança.
Fernando Nhampossa explicou que neste momento, uma das coisas que falta fazer na zona urbana é a reposição de duas secções das galerias existentes, uma na S5 e outra na S7.
“O que acontece é que quando metemos os equipamentos de filmagem se verifica que as galerias existentes estão em bom estado, mas a S5 e a S7 têm algumas secções em colapso, ou seja, mais dias ou menos dias esse sistema deixaria de funcionar, e com a carga hidráulica que está a ser adicionada à montante, essas zonas seriam pontos de lavagem dos solos o que depois poderia levar à queda de edifícios”.
Já na S7 a situação é um pouco mais delicada porque os problemas acontecem debaixo do edifício do hospital, pelo que é preciso um trabalho na parte interna, enquanto na S5 vai se fazer escavações na parte externa.
Uma vez concluída a obra, espera-se uma redução significativa dos impactos negativos associados às inundações urbanas, redução do nível do lençol freático que é bastante elevado e redução considerável das inundações decorrentes de águas estagnadas, que se verificam com frequência na cidade de Quelimane e arredores beneficiando cerca de 200 mil habitantes.
No geral, espera-se que o projecto venha a contribuir significativamente para a redução das doenças relacionadas com a água. O mesmo cobre um total de quatro bairros administrativos que englobam a zona do cimento, o 1.º bairro, e na área peri-urbana de Saguar, A e B, os bairros do Aeroporto Expansão; Aeroporto; Manhaua A e B; Brandão, Kansa, Piloto, 1.º de Maio, 25 de Setembro, 17 de Setembro, Samugue, Torono Novo, Chirangano e Janeiro.