RESULTANTES DA EXPROPRIAÇÃO DA TERRA POR MULTINACIONAIS
ILIMÃO SAVECA
Casos de conflito de terras nos distritos de Moatize, em Tete, e de Palma, na província de Cabo Delgado, e com proporções alarmantes poderão surgir a qualquer momento, resultantes da “usurpação de terras” por companhias multinacionais exploradoras do carvão mineral e do gás natural.
A actual aparente acalmia está a ser observada devido à “presença massissa naquelas regiões” de numerosos contingentes de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), em especial, agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR).
Segundo Jeremias Vunjame, da Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), os camponeses estão a ser proibidos de sair das suas aldeias por agentes da Polícia que receiam que possam desencadear acções de protesto contra as “usurpações”.
Vunjame apontou o bairro 25 de Setembro, no centro de Cateme, distrito de Moatize, em Tete, como o principal reduto desse ambiente da “paz podre” naquela região.
Rios Zambeze e Rovuma Vunjame revelou também que uma outra “catástrofe” está à espreita nos rios Zambeze e Rovuma a resultar da exploração, a céu aberto e sem se obedecer às regras ambientais das minas de Moatize e pesquisas de hidrocarbonetos, no distrito de Palma sem também observância de regras ambientais.
“A qualquer momento, os rios Zambeze e Rovuma poderão ser poluídos por produtos químicos altamente tóxicos que são produzidos pelas actividades exploradoras do carvão mineral e do gás natural nas proximidades daqueles rios”, denunciou Vunjame.
A figura de Jeremias Vunjame foi catapultada para a ribalta internacional em Junho de 2012, quando foi impedido de entrar no Brasil para participar numa conferência internacional sobre o ambiente, onde pretendia fazer uma apresentação desabonatória para a Vale Moçambique, uma ramificação da multinacional sedeada na terra de Vera Cruz.
Esta quarta-feira, Vunjame apresentou em Maputo resultados das suas pesquisas sobre os casos da expropriação da terra de camponeses por firmas estrangeiras com concessões de carvão, gás e diversos outros recursos minerais nas províncias e Manica, Tete, Nampula, Zambézia, Niassa e Cabo Delgado.
Duma forma geral, os resultados das suas pesquisas apontam que há recrudescimento de conflitos de terra opondo camponeses locais a companhias estrangeiras com beneplácito do Governo, na qualidade de accionista das concessões.
CORREIO DA MANHÃ – 23.05.2013