O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar do país, denunciou, na quinta-feira, a "manipulação do processo do recenseamento eleitoral", atualmente em curso, por "violações de lei" e constantes avarias nos computadores.
Em declarações à Lusa, Geraldo Carvalho, chefe nacional da mobilização do MDM, disse que as constantes avarias do sistema informático usado para o processo, sobretudo na autenticação de impressões digitais, falta de tintas, incompatibilidade de tinteiros e o uso de secretários dos bairros como fiscais dos postos de recenseamento são uma "fraude" ao processo.
"Na ronda que fizemos em Chimoio, constatámos que há uma força externa no processo, pois se confunde o papel do líder e do secretário do bairro ao serem colocados como fiscais e a emitirem declarações de bairros para dar crédito ao recenseamento das pessoas que não apresentam documentos na boca de mesas de recenseamento", disse Geraldo Carvalho.
O esquema, acrescentou, pode facilitar que pessoas não residentes nas autarquias onde decorre o processo se possam recensear, para depois votarem a favor da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), "à qual pertencem os "fiscais secretários" de bairro.
"Estamos perante uma máquina pesada de manipulação do processo" precisou Geraldo Carvalho, admitindo que, embora se tenha aprovado a lei eleitoral "minuciosamente", a falta de esclarecimentos dos critérios de aquisição das máquinas alimenta a "manipulação" no recenseamento.
"O que está a acontecer é, de certa forma, caricato. Fala-se de tinteiros, máquinas impressoras, mas em que momento foram adquiridas estas máquinas, quais foram os critérios de aquisição, quem forneceu máquinas com tinteiros não adequados, donde virão tinteiros adequados, quem vai fornecer, e esses tinteiros não adequados qual vai ser o destino?", indagou Geraldo Carvalho, também deputado da Assembleia da Republica.
Desde sábado, quando se iniciou o processo de recenseamento, que em Manica, centro de Moçambique, 13 mesas de recenseamento não funcionaram nos primeiros três dias devido aos problemas apontados por Geraldo Carvalho, situação já sanada pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) local.
"Estaremos atrás do processo para detetar as anomalias e pedirmos a correção, pois esse é um processo, tem tempo cronometrado, depois veremos qual vai ser o resultado", disse à Lusa Geraldo Carvalho, assegurando que reporta as anomalias às autoridades competentes.
Contudo, a fonte manifestou satisfação com os apelos dos partidos políticos na mobilização para a adesão da população às mesas de recenseamento.
Fora do processo, ameaçando boicotá-lo, assim como à realização de eleições, está a Renamo, principal partido da oposição que votou contra a lei eleitoral e se encontra atualmente a negociar com o Governo a sua revisão.
AYAC // MLL
Lusa – 31.05.2013