A Renamo (Resistência Nacional de Moçambique), principal partido da oposição, acusou hoje o Governo de "estar a passar uma certidão de óbito" à maioria do povo, por não ceder às exigências dos médicos, em greve há cinco dias.
Os profissionais de saúde moçambicanos, incluindo os médicos, estão em greve desde segunda-feira e ameaçam prolongar a paralisação, caso o Governo não satisfaça as suas exigências de melhorias de condições salariais e de trabalho.
Na primeira reação à greve, o principal partido da oposição moçambicana considerou hoje, em Maputo, que o executivo "abandonou o povo moçambicano", ao ter falhado numa solução que impedisse a paralisação.
"O Governo da Frelimo (partido no poder), ao não respeitar as exigências dos médicos, está a passar uma certidão de óbito à maioria do povo, que depende dos hospitais, centros e postos de saúde públicos", disse, em conferência de imprensa, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga.
Para Fernando Mazanga, a posição do Ministério da Saúde de Moçambique constitui um "insulto à dignidade humana", uma vez que vai conduzir a uma radicalização da posição dos profissionais de saúde.
O porta-voz da Renamo referia-se às afirmações da porta-voz do Ministério da Saúde, Francelina Romão, que disse que "os médicos grevistas estão livres de deixar o Serviço Nacional de Saúde, porque não foram obrigados a trabalhar no Estado".
Segundo Fernando Mazanga, "a legitimidade da greve dos médicos, para além dos direitos consagrados na Constituição, reside no facto de este tecido profissional ter as vidas da população nas suas mãos".
No seu caderno reivindicativo, os médicos rejeitam o aumento de 15 por cento de salário recentemente decretado pelo Governo e exigem um incremento de 100 por cento.
A classe médica moçambicana exige igualmente a atribuição de uma "residência condigna" aos profissionais deslocados das suas áreas de residência.
PMA // MLL
Lusa – 24.05.2013