Existe a Comunicação Social e a Comunicação Anti-Social. A primeira serve a comunidade, o país, explica os eventos e narra-os, a todos educa. A segunda não passa de uma balela, trafulhice, mera tentativa de vender gato por lebre, anestesiar o público, vendendo papel ou tempos de antena.
Li nas parangonas de um semanário da praça que as FADM violaram uma moça e mataram-na. As FADM integram gente do Rovuma ao Maputo, e não imagino que milhares de militares do país fizessem uma imensa bicha para violar alguém e, o pior, na notícia mais detalhada e no interior do jornal lê-se que não só a pobre vítima está viva, saiu do hospital, como identificou os malandrins que cometeram o crime. Afinal quem cometeu o crime? As Forças Armadas ou uns canalhas que acontece estarem numa unidade militar? Morreu a vítima na capa e ressuscitou na notícia em detalhe? Não se quis denegrir e caluniar quem serve a pátria com risco de vida? Se um jornalista se embebeda e faz distúrbios podemos difundir em grandes letras que Os jornalistas são bêbados e fazem zaragatas? Não estaríamos perante uma falsidade, uma calúnia contra uma categoria inteira e de todos os profissionais?
Se o Ministério da Defesa, ou Estado-Maior-General processassem o órgão por difamação e calúnia, estaríamos perante uma repressão contra a comunicação social ou defenderíamos o direito ao bom nome e reputação de um corpo que serve a Pátria?
Este tipo de patacoadas contra a polícia e as mais diversas instituições e até pessoas merecem aplauso ou repúdio? Quando se quer ilustrar os distúrbios nos Muxungos com fotos de refugiados no Congo, diz-se a verdade? Ensina a Comunicação Social a mentir?
Li várias vezes artigos caluniosos, racistas, tribalistas. Testemunhei estes conteúdos infames nas Televisões. O direito à expressão de pensamento e à liberdade de opinião desde quandocobre o direito a propagandear o crime e a infâmia? Deixaram de existir políticas editoriais nos órgãos de comunicação social?Imaginam um órgão republicano fazer a apologia da monarquia, uma TV confessional atacar a sua própria Igreja? Liberdade de expressão ou de difamação?
Não deveriam o adormecido Conselho Superior da Comunicação Social e o Sindicato Nacional dos Jornalistas zelarem para que os profissionais dignos e competentes não se vejam denegridos por falsos colegas? Não competiria à PGR proteger o bom nome e reputação das instituições públicas? Já não me insurjo contra os mais grosseiros atropelos à gramática e dicionário, aos erros de palmatória na ortografia. Estou habituado!
Qualquer computador indica os erros de gramática e ortografia. Havia e não sei se ainda existe, o revisor nos jornais, que lia e corrigia os erros dos textos. O meu bom e saudoso amigo Wadington muito serviu assim. Chefes de redação, diretores e editores estão em coma e por isso deixam publicar asneiras em letra de forma?
O que dizer de um jornal que queremos dar aos nossos filhos para os informar e educar, se ele faz a apologia da droga, do álcool e da promiscuidade sexual? Aceita-se que nas horas ditas nobres uma TV difunda imagens de sexo, droga, violência impróprias para crianças?
Impedir isto não faz parte de censuras fascistas, fundamentalistas. Não se coarta o direito à opinião. Afirma-se a responsabilidade social de um dos mais importantes pilares de uma sociedade livre e justa.
O conteúdo principal da comunicação social, além da informação que deve dar, encontra-se na análise, na integração dos eventos num todo, na explicação dos antecedentes e dos efeitos do acontecido. Ela educa.
Um Papa renunciou, outro se elegeu. Quem na nossa comunicação social analisou? Quanto muito transcreveram-se artigos e análises de fora, nada do que se produziu em casa. Embora não nascido na Europa, o Papa eleito Francisco, pelas suas raízes faz também parte da Europa e da Itália, filho de pais italianos que emigraram para a Argentina. Como se comportou durante a ditadura militar nesse país? Desde quando a Europa não gerou todos os Papas? Quantos papas provieram dum punhado de famílias aristocráticas italianas? Amigos façam trabalho jornalístico, saibam informar e analisar. Precisamos disso.
Disseram-nos alguma vez que em toda a História da Igreja apenas houve três Papas de origem Africana? São Victor que faleceu em 198, São Miltíades falecido em 314 e São Gelásio falecido em 496. Dos três apenas Victor nasceu no nosso continente, os outros, embora de origem africana, nasceram em Roma. Todos de famílias da África do Norte, magrebinos. Ao escrever isto não pretendo afirmar-me como um sabichão, um poço de sabedoria. Bastou-me consultar o Google!
A rádio, a Televisão e a imprensa escrita mostram-se indispensáveis no nosso país. Estivemos sem informação verdadeira até à queda do regime colonial. A imprensa escrita não chega sequer às capitais de distrito, nem o Boletim da República! Ninguém encontra um jornal na Chiúta, em Mavago, em Namialo, em Palma, em Milanje, em Maringué, em Catandica, em Inhassoro, no Guijá, na Ponta de Ouro.
Reconhecendo que há um imenso trabalho a levar a cabo, envio um abraço a todos os jornalistas honestos, sérios e trabalhadores,
Sérgio Vieira
P.S. Regularmentehá umas moscas que mordem nas orelhas dos altos tecnocratas de Bretton Woods. Vêm sempre cantar que há que privatizar a terra, agora mais disfarçadamente, com falinhas mansas,gato escondido com rabo de fora, pedem que os DUAT sirvam de garantia real, por outras palavras, privatiza-se sem o dizer. Beneficiariam da medida os predadores de fora e dentro que desejam abocanhar a terra, como se não houvesse muita e mesmo muita terra por cultivar.
Não recomendam a formação de um banco para o desenvolvimento agrário para onde se canalizariam todos os inúmeros fundos que por cá entram para a promoção da agricultura e só servem para pagar consultores. Um banco com juros bonificados para as pequenas e médias explorações agrícolas de nacionais, para o fomento do armazenamento e processamento dos produtos agropecuários. Não recomendam nem financiam um seguro para a agricultura e pecuária indispensável para baixar o risco da banca.
Já pagamos as facturas dos diktat de Bretton Woods. Matou-se, graças a eles o fabrico de pneus, de vagões, de carroçarias, assassinou-se a indústria pujante do cajú. Por favor, vão para o diabo contra os conselhos que destroem as conquistas essenciais do nosso povo, pagas com muito suor, lágrimas e sangue.
Um abraço à defesa da Terra libertada pelo nosso combate,
SV
R. P.S. Quando tanto se fala sobre o AGP não valerá a pena publicar de novo, refrescando memórias, os termos relevantes sobre a integração nas forças armadas e seu caracter apartidário, protecção do chamado leader, extinção dos grupos armados da RENAMO? Aos ditos (as) académicos (as) com pensamento importado e pago que alvitram deitar às moitas a Constituição por todos revista e aprovada, recomendo a leitura do dito pelo Dr. Teodato Hungwana e a ele um abraço por repor a verdade,
SV
JORNAL DOMINGO - 19.05.2013