Canal de Opinião por Adelino
Timóteo
Caro Zé da Rua 6,
Li no Canal de Moçambique
que tu, meu vizinho da Rua 6, numa conferência de imprensa, em Maputo, disseste
que Dhlakama deve responder criminalmente pelos acontecimentos, pelas mortes de
Muxúnguè.
Sabe meu caro Zé da Rua 6,
gostei da afronta. Tu Zé, és muito corajoso.
És muito bravo, porque já me
lembro de que nos anos setenta, creio finais, quando vieste de férias,
trouxesses uma cobra fossilizada, pequena, à casa dos teus pais, no bairro. E
lá a deixaste ficar, na casa dos teus pais.
Creio que a mataste lá por
Manica.
Quando trouxeste a cobra,
que deixaste em casa do teu pai, caro Zé da Rua 6, eras um candidato a regente
agrícola, e nem sequer eras director na Zambézia, nem eras Governador em Pemba,
nem eras ministro duas ou três vezes, nem eras homem de mão numa negociação e
talvez estavas em vias de deixar de ser um pivete, o que é normal.
Sabe, meu caro Zé da Rua 6,
por aquelas alturas (o teu pai que te conta), o teu chefe era o ministro do
interior e foi ele quem ordenou a evacuação aos campos de concentração do
Niassa 70 mil moçambicanos, trinta e cinco mil dos quais foram mortos por leões
e devorados por abutres, naquela que é a Sibéria moçambicana. Muitos destes
mortos, meu caro Zé da Rua 6, estão enterrados em valas comuns, numa operação
em que foi cérebro o actual presidente Armando Guebuza, que nas vésperas da sua
pré-campanha eleitoral em 2003 tentou colher, sem sucesso, oitocentos mil
dólares americanos junto de uma embaixada em Maputo a fim de proceder ao reassentamento,
nas zonas de origem, de elementos deste grupo residual.
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