Centenas de pessoas e carros concentram-se à noite no Posto Administrativo de Muxúnguè, centro de Moçambique, à espera de escolta para poder viajar, na sequência dos ataques da semana passada atribuídos a homens armados da Renamo.
Os ataques ocorridos na sexta-feira seguiram-se ao anúncio da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição, de que impediria a circulação ferroviária e rodoviária no centro do país, para travar uma alegada concentração das forças de defesa e segurança perto da antiga base central do movimento, onde o presidente do partido, Afonso Dhlakama, se reinstalou em finais do ano passado.
Segundo o Notícias de Maputo, diário de maior circulação no país, camiões carregados de mercadorias, autocarros e viaturas de particulares chegam a formar filas de um a dois quilómetros, à espera que amanheça, para poderem viajar escoltados.
A aglomeração aumenta a partir das 17:00, uma vez que as forças de defesa e segurança têm interditado a circulação à noite por razões de segurança.
A vida nas comunidades residentes perto da Estrada Nacional Número 1 mudou de rotina, porque os camponeses deixaram de vender na via, na sequência dos ataques da semana passada, em que morreram pelo menos três pessoas num ataque a um autocarro e um camião, na região de Machanga, província de Sofala.
O clima de instabilidade que se vive no centro de Moçambique também está a afetar o escoamento do carvão na linha férrea de Sena, que liga a região carbonífera de Moatize, na província de Tete, ao porto da Beira, em Sofala, particularmente no período noturno.
De acordo com o Notícias de Maputo, a insegurança que se instalou no centro do país provocou a redução do tráfego de comboios de carvão da brasileira Vale e da anglo-australiana Rio Tinto, descendo de seis para três o número vezes que as locomotivas viajam.
Por isso, o presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), Rosário Mualeia, reuniu-se na última sexta-feira com os representantes das empresas que usam a linha férrea de Sena.
PMA // VM
LUSA – 24.06.2013