As obras de construção do troço da linha férrea ligando a vila mineira de Moatize, em Tete, ao porto de Nacala, em Nampula, e que passa pelo sul do Malawi, estão paralizadas devido a greve dos trabalhadores malawianos que exigem aumento salarial.
A greve teve início na última segunda-feira, e a construtora portuguesa Mota-Engil ofereceu um incremento salarial de trinta por cento, mas a oferta foi rejeitada pelos grevistas.
Os trabalhadores malawianos exigem salários e regalias iguais aos que são oferecidos aos seus colegas estrangeiros de nacionalidade tailandesa.
Eles exigem ainda o repatriamento imediato dos tailandeses alegadamente porque estão a ocupar alguns cargos que deviam ser confiados aos malawianos.
As negociações entre os representantes da massa laboral e do patronato mediadas pelo governo ainda não produziram nenhuns resultados, e na falta de entendimento entre as partes, as obras de construção da linha férrea estão paralizadas.
O director da Mota-Engil no Malawi José da Silva confirmou a paralização das obras e anunciou para a próxima semana o reinício das negociações com os grevistas.
Na sequência do fracasso das negociações, a ministra malawiana do Trabalho Eunice Makangala saíu em defesa do empreiteiro, afirmando que as reivindicações dos grevistas são irrealistas.
Makangala disse que as negociações serão retomadas na próxima semana e com envolvimento das organizações sindicais.
Anunciou também que o repatriamento dos tailandeses será feito em fases, devendo o primeiro grupo de vinte e um trabalhadores deixar o Malawi dentro em breve.
O projecto de construção do troço da linha férrea que vai ligar a vila mineira de Moatize ao porto de Nacala passando pelo sul do Malawi está avaliado em mil milhões de doláres visando assegurar o escoamento do carvão para o mercado internacional.
Durante o pico, as obras poderão absorver cerca de quatro mil e quinhentos trabalhadores, dos quais setenta por cento malawianos, significando cerca de três mil novos postos de emprego.
Uma vez operacional, o Malawi vai encaixar anualmente oito milhões de doláres de impostos para além de puder utilizar a linha férrea para o escoamento das suas mercadorias.
A linha-férrea, com uma extensão de quase mil quilómetros entre Moatize e Nacala, implica a construção de raíz de duzentos e trinta quilómetros de ferrovia e a reabilitação de mais de seiscentos quilómetros da linha no norte de Moçambique.
Um dos troços, cuja obra está a cargo da construtora portuguesa Mota Engil, passa pelo sul do Malawi, numa distância de cento e trinta e sete quilómetros entre as duas fronteiras.
Com Faustino Igreja, em Blantyre
RM – 29.06.2013