Por Mia Couto
Existe o “Yes man”. Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o
May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem o impacto desta
espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no
final, reconhecerão como familiar.
O May be man vive do “talvez”. Em
português, dever-se-ia chamar de “talvezeiro”. Devia tomar decisões. Não
toma. Simplesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E obriga a
agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e
o vazio.
A diferença entre o Yes man e o May be man não está apenas
no “yes”. É que o “may be” é, ao mesmo tempo, um “may be not”. Enquanto o
Yes man aposta na bajulação de um chefe, o May be man não aposta em
nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o
outro engraxa tudo que seja bota superior.
Relembre ou leia em http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/11/o-may-be-man.html