O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, assegurou hoje
que "o Governo permanece firme na sua determinação de, pela via de
diálogo, encontrar resposta" à crise político-militar que, nos últimos
dias, causou a morte de 10 pessoas em Moçambique.
Falando aos jornalistas na Praça dos Heróis, à margem da cerimónia dos 38 anos
da independência de Moçambique, Armando Guebuza disse que "nunca"
recusou falar com o presidente da Renamo (oposição), Afonso Dhlakama, para
ultrapassar o clima de insegurança que se vive no país.
"Ele é que se escapa sempre", disse Armando Guebuza, reconhecendo a
"complexidade do diálogo".
"Nunca recusei falar com o presidente da Renamo, ele é que se escapa
sempre. Eu estive dois anos em Roma (como mediador do Governo da Frelimo, que
resultaram no Acordo Geral de Paz, em 1992) e tive paciência", afirmou.
Contudo, assinalou: "todo o povo deve compreender isso, que ele (Afonso Dhlakama)
não é alguém que age como nós gostaríamos que agisse. Uma pessoa que utiliza o
povo como seu escudo, ameaça matando gente, população civil, já podem imaginar
a complexidade de diálogo".
Os últimos dias têm sido marcados pela tensão entre a Renamo e o Governo (Frelimo), após emboscadas contra viaturas atribuídas à oposição que ameaçou impedir, desde quinta-feira última, a circulação na Estrada Nacional 1 (EN1), no troço Muxúnguè-Save, e na Linha Férrea de Sena, no centro de Moçambique.
Na sexta-feira, a polícia deteve o responsável pela comunicação da Renamo, Jerónimo Malagueta, alegadamente na sequência das ameaças de ataques desse dia, atribuídos ao principal partido da oposição.
Na semana anterior, um assalto ao paiol na zona de Savane, na região de Dondo, no centro de Moçambique, provocou a morte de sete militares.
Na segunda-feira, o Governo moçambicano e a Renamo não alcançaram consenso na sétima ronda de diálogo sobre a crise político-militar, por falta de entendimento sobre a remissão da proposta de revisão pontual da legislação eleitoral.
Desde Dezembro, as partes tentam alcançar um consenso em torno da legislação eleitoral aprovada no parlamento pela Frelimo, partido no poder, apoiada pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira bancada parlamentar, que tem oito deputados.
A lei prevê uma presença menor dos representantes dos partidos na CNE e maior representação da sociedade civil no órgão de gestão das eleições gerais (presidenciais e legislativas), previstas para 2014, e das autárquicas agendadas para 20 de Novembro próximo.
Lusa – 25.06.2013