Cada um deve assumir as suas responsabilidades...
Que ninguém tenha ilusões sobre o que se passa em nosso país.
As responsabilidades pelo derramamento de sangue inocente devem ser atribuídas aos nossos políticos.
Quando se diz que existe vontade política para abordar e tratar assuntos nacionais isso deve ser visível e não restarem dúvidas de que os envolvidos de facto querem resolver tais assuntos.
Nos dias de hoje, com ataques nas estradas do país, com conversações entupidas entre o governo e a Renamo alguma coisa tem de ser dita de forma veemente.
Numa casa existe uma estrutura ou cadeia de responsabilidade inalienável. Governar significa possuir visão e coerência de assumir o pacote na íntegra. O que é bom, as regalias, as mordomias, os salários, o poder intrínseco estão associados a responsabilidade, deveres e obrigações concretas. Uma das obrigações é trabalhar todos os dias para o bem-estar dos cidadãos, garatindo que a estabilidade e segurança sejam vividas pelos cidadãos, que as leis sejam cumpridas por todos e que o respeito pelos direitos humanos seja uma constante. Essa tarefa é do governo independentemente da situação vivida. Não se admite nem se equaciona que o governo possa delegar ou desistir de fazer o que lhe compete.
Se a mãe dos actuais conflitos é há já muito conhecida importa responsabilizar as partes com objectividade e deixarmos de enganar os cidadãos com supostas razões legais ou outras que não resistem a análise pois na verdade constituem malabarismos justificativos sem consistência nem coerência.
Os problemas de hoje têm a idade do AGP.
Quem não cumpriu deve ser responsabilizado de uma forma dinâmica. Discutir abertamente os pontos em desacordo, de forma patriótica é que se exige aos negociadoresde ambos os lados. Se não possuem experiência socorram-se ao que existe no país e em caso de esgotamento tragam pessoas de gabarito e credibilidade como Desmond Tutu ou Kofii Anan para ajudar. Sem complexos nem orguulho infundado vamos conversar e dissecar todos os problemas que existem no lugar de fingir que não existem.
Uma das consequências da excessiva centralização do poder revela-se quando se procuram soluções como no presente caso. Um Parlamento esvaiado de iniciativa e funcionando com base na ditadura do voto, demasiado influenciado pelas lideranças partidárias, associado a um sistema judicial dependente em excesso do executivo travam a iniciativa institucional e colocam o país numa paralisia efectiva.
É ilusão pretender que as culpas residem na Renamo e que do lado do governo tudo está perfeito e sendo conduzido de modo realístico.
Sabe-se que o governo de Joaquim Chissano assinou o AGP com a Renamo e que AEG, actual PR era negociador chefe do governo. Decerto que ele não pode dizer que ignora as bases de reclamação apresentadas pela Renamo.
Nesse sentido o que os moçammbicanos pretendem é que o governo assuma as suas responsabilidades básicas, aceite abordar o que não foi atempadamente resolvido e que se deixe de demagogia ou manobras dilatórias. Da parte da Renamo queremos ver este partido assumindo as suas
responsabilidades históricas e aceittar que se o AGP descarriluou ou não foi integralmentte cumprido também possui culpas no cartório ao ter aceite adiamento de implementação na íntegra do articulado no AGP.
Ambos tanto o governo e seu partido de suporte a Frelimo como a Renamo devem ser capazes de tranquilizar os moçambicanos pois esse é o maior interesse dos cidadãos governados.
Tem de ficar claro que os governantes não são superiores aos governados e que cabe a estes governantes cumprirem a vontade dos governados. A Paz é o que os governaddos desejam e exigem.
Só isso e não considerações ou estratégias que revelam agendas sinistras, privadas e obscuras. Os interesses dos moçambicanos superam os privados ou partidários.
O AUTARCA – 24.06.2013