A circulação na estrada nacional 1, entre Save e Muxúnguè, centro de Moçambique, "foi reaberta" sob forte medidas de segurança, após ataques e incendiamento de viaturas na sexta-feira, atribuídos à Renamo, disse hoje à Lusa fonte oficial.
As viaturas que seguem para o centro e norte são perfiladas no rio Save e, para o sul, em Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique, e, depois, escoltadas em coluna numa distância de 100 quilómetros, o raio que a Renamo ameaçou interditar à circulação desde quinta-feira.
"Por questões de segurança, o trânsito está aberto das 05:00 as 17:00 neste troço, para a circulação ser feita à luz do dia e em condições. As viaturas são escoltadas em coluna com blindados à frente, a meio e atrás", explicou Arnaldo Machowe, administrador de Chibabava, que, na quarta-feira, havia descartado esta possibilidade.
Ex-guerrilheiros da oposição Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) são acusados de, na sexta-feira, terem atacado cinco viaturas, duas das quais foram incendiadas na região do rio Ripembe, no distrito de Machanga, Sofala, centro de Moçambique.
Do ataque resultaram três mortes, incluindo um motorista carbonizado ao volante da viatura e seis feridos atingidos por projéteis de armas de fogo, dos quais dois graves "cravados com balas na região da bacia".
Em declarações à Lusa, por telefone, populares retidos em Muxúnguè, à espera de sua vez para atravessarem a região, acusam o governo de ter "negligenciado" o anúncio da Renamo, ao não ter "prontificado um sistema de segurança à medida das ameaças" do principal partido da oposição..
"Cheguei a Muxúnguè às 17:00 de sexta-feira, já havia partido a última escolta, mas continuava uma fila enorme de viaturas para seguir ao sul. Estou à espera da minha vez, mas se o governo tivesse levado a sério a ameaça da Renamo acredito que não estaríamos a voltar para as colunas dos anos 80", disse à Lusa Américo Rogério.
"As viaturas estão a ser escoltadas, temos que nos sentir seguros com a nossa força. Mas isto podia ser evitado", disse Ermelinda Lameira, passageira de um autocarro com destino a Maputo, capital do país, a cerca de 1.500 quilómetros a sul.
Os últimos dias têm sido marcados pela tensão entre a Renamo e o Governo (Frelimo) na zona central de Moçambique, com a oposição a ameaçar impedir, desde quinta-feira, a circulação na Estrada Nacional 1 (EN1), no troço Muxúnguè-Save, e na Linha Férrea de Sena, como resposta a uma alegada ofensiva prestes a ser lançada pelo exército governamental na Serra de Gorongosa, antiga base militar daquele movimento.
O anúncio foi feito pelo chefe do Departamento de Informação da Renamo, que foi detido na madrugada de hoje, aparentemente na sequência destas ameaças.
AYAC // SO
Lusa – 22.06.2013