A Renamo, principal partido da oposição, defendeu hoje "um acordo político" entre o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o seu líder, Afonso Dhlakama, para solucionar a crise político-militar em Moçambique, que causou nove mortos.
Desde dezembro, o Governo e a Renamo tentam, sem êxito, ultrapassar divergências que os separam, mas ataques de homens armados, ocorridos desde a última semana no centro do país, agudizaram a tensão.
Na sétima ronda de diálogo sobre a crise político-militar, realizada na segunda-feira, o Governo moçambicano e a Renamo não se entenderam sobre a remissão da proposta de revisão pontual da legislação eleitoral ao parlamento.
Hoje, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse aos jornalistas ser necessário "um encontro entre o Presidente da República e o presidente (Afonso) Dhlakama", que "deve produzir um acordo político benemerente" para os moçambicanos.
"É fundamental que os grupos que negoceiam evoluam e rubriquem acordos onde os houver como forma de evitar que os dois líderes venham ainda para discutir questões já colocadas e que foram consideradas relevantes, pertinentes, oportunas, claras e urgentes", disse Fernando Mazanga.
Na terça-feira, Dia da Independência de Moçambique, Armando Guebuza disse que "nunca" recusou falar com o presidente da Renamo para ultrapassar o clima de insegurança que se vive no país, mas reconheceu a "complexidade do diálogo" com o líder da oposição.
"Ele é que se escapa sempre", disse Armando Guebuza em declarações à imprensa, na Praça dos Heróis, à margem da cerimónia dos 38 anos da independência.
Reagindo, Fernando Mazanga considerou que "um chefe de Estado não pode lamentar que um compatriota seu, por sinal personalidade com a qual já disputou duas eleições, esteja a lhe escapar".
"Compreende-se que a preocupação que o chefe de Estado deixou implícita mostra que é necessário, urgente, o encontro entre os dois líderes dos grupos que negoceiam, para o desbloqueio de quaisquer impasses que possam existir", afirmou o porta-voz da Renamo.
Fernando Mazanga disse igualmente que "Afonso Dhlakama já se mostrou disponível e disposto para procurar uma solução justa, duradoira, ao criar um grupo que se aproximou ao Governo para um debate sério e franco sobre questões que apoquentam os moçambicanos".
"O nosso país tem as mesmas dimensões e mesma divisão administrativa de sempre que não podemos nos dar ao luxo de nos escaparmos uns com os outros. Pior ainda, ninguém pode escapar ao chefe de Estado", afirmou Fernando Mazanga.
Hoje, Armando Guebuza recebeu em audiência líderes religiosos, que também defenderam um encontro entre o chefe de Estado moçambicano e o líder da Renamo.
MMT // MLL
Lusa – 29.06.2013