O dirigente da Renamo e conselheiro de Estado de Moçambique António Muchanga acusou hoje a polícia moçambicana de ter detido ilegalmente o responsável pela comunicação do partido, Jerónimo Malagueta, que continua preso numa esquadra de Maputo.
Em declarações à agência Lusa, Muchanga questionou o facto de Malagueta ter sido preso na sexta-feira, alegadamente na sequência dos ataques desse dia, atribuídos à Renamo e que causaram três mortos, "quando o mandado de notificação foi assinado na véspera", quinta-feira.
"Como é que na véspera já sabiam que os ataques iam acontecer?", perguntou, falando diante da 8ª esquadra da polícia, no interior do Porto de Maputo, e exibindo o mandado relativo ao processo 732/80/13, assinado em 20 de junho.
O conselheiro de Estado questionou igualmente a possibilidade de Malagueta ter sido detido pelas suas ameaças de impedir a circulação de carros e comboios no centro de Moçambique, proferidas em conferência de imprensa na quarta-feira.
"Ele fez as declarações na quarta-feira de manhã, se foi por causa disso porque não o prenderam nesse dia, ou na quinta-feira?", perguntou Muchanga.
Vários militantes da Renamo continuam concentrados diante daquela esquadra, mas, até ao momento, apenas a mulher de Malagueta pôde visitar o brigadeiro da Renamo.
"Esse é outro problema: esta esquadra costuma servir para questões relativas ao porto e não percebemos por que razão o detiveram, no bairro e o trouxeram para aqui", disse António Muchanga.
Os últimos dias têm sido marcados pela tensão entre a Renamo e o Governo (Frelimo) na zona central de Moçambique, com a oposição a ameaçar impedir, desde quinta-feira, a circulação na Estrada Nacional 1 (EN1), no troço Muxúnguè-Save, e na Linha Férrea de Sena, como resposta a uma alegada ofensiva prestes a ser lançada pelo exército governamental na Serra de Gorongosa, antiga base militar daquele movimento.
O anúncio foi feito pelo chefe do Departamento de Informação da Renamo, que foi detido na madrugada de hoje, aparentemente na sequência destas ameaças.
A Serra da Gorongosa foi o local onde o presidente do partido, Afonso Dhlakama, se aquartelou em protesto contra a "ditadura implantada" pelo Governo.
LAS // SO
Lusa – 22.06.2013