Os ataques, segundo o administrador local, Arnaldo Machoe, que falava à comunicação social, aconteceram exactamente no troço anunciado pelo chefe do departamento de informação da Renamo, Jerónimo Malagueta, ou seja, entre o rio Save e Muxúnguè, como sendo o raio em que os homens de Afonso Dhlakama iriam atacar para impedir a circulação de viaturas, pessoas e bens a partir da última quinta-feira.
Arnaldo Machoe explicou que o primeiro ataque foi lançado cerca das cinco horas da manhã na região do rio Muari, tendo sido alvo um autocarro de passageiros da empresa ETRAGO que, no entanto, não foi atingido pelos tiros.
Os outros dois ataques viriam a registar-se em seguida, tendo sido atingidos dois camiões que seguiam em direcção à zona norte do país. Acto contínuo, os homens da Renamo mataram um motorista e o respectivo ajudante, cujo camião incendiaram em seguida. Os outros dois ocupantes do segundo camião foram feridos por balas assassinas.
“Neste momento todas as viaturas circulam escoltadas pelas forças conjuntas das FADM e FIR em ambos os sentidos, de modo a garantir segurança de pessoas e bens, pois a economia não pode parar” – comentou o administrador Machoe.
Entretanto, face a esta situação, multiplicaram-se os receios por parte das pessoas, particularmente viajantes, havendo informações segundo as quais há grande concentração de viaturas, pessoas e bens nas regiões de Inchope e Muxúnguè.
Entretanto, o chefe do departamento de informação da Renamo, Jerónimo Malagueta, foi detido na manhã de ontem, em Maputo, donde havia proferido, quarta-feira, a declaração de que a sua organização iria impedir a circulação entre o rio Save e o Muxúnguè.
O porta-voz do Comando-geral da PRM, Pedro Cossa, que anunciou a detenção daquele membro da Renamo, desmentiu na ocasião informações postas a circular segundo as quais nesta sua incursão os homens armados teriam destruído igualmente uma ponte ao longo da EN-1, na área territorial de Sofala. “Isso não constitui verdade”, disse Cossa, realçando, em seguida, o facto de nestes ataques terem sido mortos civis inocentes.
O Primeiro-ministro, Alberto Vaquina, numa primeira reacção aos ataques, condenou e lamentou o crime protagonizado pela Renamo. O governante, que se encontra em visita de trabalho a Inhambane, disse que a mensagem do Governo é da preservação da paz e da unidade nacional, respeito pela dignidade humana e ainda de vigilância contra todos aqueles que pretendem perturbar a ordem, tranquilidade e segurança públicas.
Ajuntou que com a situação de instabilidade, o risco do retrocesso do progresso socioeconómico do país é muito grande, porque as conquistas, individuais, familiares e até da comunidade, podem ser postas em causa de um momento para o outro, daí que devemos estar todos unidos para que isso não aconteça.
Alberto Vaquina acrescentou que os cidadãos mortos ontem pela Renamo estavam a lutar pelo seu próprio bem-estar, usando a estrada nacional, desenvolvendo normalmente as suas actividades, mas, infelizmente, foram interrompidas de forma cruel e brutal.