"Posso dizer-vos antecipadamente que se você viola a regra torna-se violador da lei e os violadores da lei serão detidos como violadores da lei", referiu Mugabe dirigindo-se a milhares de apoiantes no Estádio Nacional, em Harare.
Num comício entremeado por muita música, o candidato da ZANU-PF atacou igualmente o seu rival por ter criticado a Presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, que considerou, à sua chegada a Harare, que o “processo para as eleições zimbabweanas está bem encaminhado e que não há motivos de alarme”.
Robert Mugabe voltou a acusar o MDC-T (o partido de Tsivangirai) de ser uma criação de três partidos britânicos como forma de desviar o processo de redistribuição da terra que a ZANU-PF está a levar a cabo para a maioria dos negros zimbabweanos.
"Ele (Tsivangirai) é bebé chorão que sempre levanta acusações (falsas) para desacreditar a ZEC (Comissão Eleitoral do Zimbabwe) e as eleições", acusou Mugabe, considerando que o seu partido tem o desejo do povo no coração “o que está evidenciado nos massivos investimentos que estão a ser feitos nos sectores da saúde e educação”.
Por seu turno, Morgan Tsivangirai falando em Chitungwiza, arredores de Harare, acusou Mugabe de estar a ser usado pela linha dura da sua estrutura de segurança para prolongar a sua permanência no poder. Dirigindo-se também aos seus apoiantes na sexta-feira na região de Domboshawa, no âmbito da sua campanha, Tsivangirai disse que apesar de estar estipulado na lei que os resultados serão anunciados pela ZEC o MDC-T vai anunciá-los com base nos apuramentos parciais saídos dos postos eleitorais.
"Vocês querem uma democracia ou um governo militar?", questionou Tsivangirai.
"Em 2008 vencemos Mugabe e ele concordou e chegou mesmo ao ponto de dizer, senhores, deixem-me aceitar a derrota mas disseram-lhe, não, velho, não vais a nenhum lado. Fica aqui e nós veremos o que vamos organizar. Levaram cinco semanas para anunciar os resultados. Isso significa que Mugabe está a ser dirigido por outras pessoas. Ele sabe disso", acusou Tsivangirai.
Depois da campanha, que terminou ontem e conforme está estabelecido pela legislação vigente no Zimbabwe, o dia de hoje é de reflexão para todos os eleitores que amanhã se farão presentes nas urnas para estas eleições gerais (presidenciais, parlamentares e municipais).
Ontem, último dia da campanha, o MDC-T tinha ainda agendado um comício em Harare mesmo nas imediações do local onde funciona a sede da ZANU-PF mas tal não se concretizou porque a policia alegou não ter efectivo suficiente para garantir a segurança no local.
A propósito de segurança, a porta-voz da policia, Charity Charamba, afirmou que um número que por razões óbvias omitiu de agentes estão já posicionados em vários pontos do país com ordens expressas para não tolerarem quaisquer tentativas de alterar a ordem pública.
"Como organização temos experiência suficiente para garantirmos que um evento desta importância e magnitude seja conduzido em paz e num ambiente de tranquilidade.
“Tomamos uma série de medidas para que estas eleições sejam um sucesso", assegurou Charamba.
- Eliseu Bento, nosso enviado ao Zimbabwe