Custos insustentáveis
Os ministros pensionistas que continuam com funções no Estado ganham acima de 200 mil meticais por mês. Trata-se de José Pacheco, Manuel Chang, António Sumbana, António Borges...
O Estado moçambicano está a desembolsar, mensalmente, qualquer coisa como 2.382.229,72 MT (Dois milhões e trezentos e oitenta e dois mil e duzentos e vinte e nove meticais e setenta e dois centavos), o equivalente a meio milhão de dólares americanos, por pensões de 24 dirigentes, entre cessantes e activos, constantes dos despachos do ministro das Finanças, publicadas no Boletim da República número 33, II série, de 24 de Abril do ano em curso. Por ano, o Estado desembolsa 28.586.756.64 MT (vinte e oito milhões e quinhentos e oitenta e seis mil e setecentos e cinquenta e seis meticais e sessenta e quatro centavos), o correspondente a cerca de um milhão de dólares para aqueles dirigentes.
Os valores globais acima apresentados não incluem salários nem subsídios dos que ainda continuam em serviço no Aparelho de Estado. Igualmente, esses dirigentes, ainda no activo, não são abrangidos pela Lei de Probidade Pública, o que faz com que, para além da pensão mensal fixada pelos despachos ministerial, recebam ainda salário correspondente ao cargo que ainda ocupam por cada mês.
Por exemplo, o ministro da Agricultura, José Pacheco, ganha no final de cada mês, para além da pensão mensal de 112.988,43 MT (cerca de quatro mil dólares), outros 112.988,43 MT referentes ao salário mensal em virtude do cargo que ocupa. Quer dizer, mensalmente, entram na sua conta 225.976,86 meticais, o equivalente a oito mil dólares mensais. Um rendimento líquido anual de 2.7 milhões de meticais.
Não é apenas José pacheco que se encontra nesta luxuosa situação, pois há outros ministros.
O ministro das Finanças, Manuel Chang, além de ganhar 108.985,18 MT de pensão por mês, ainda dispõe do mesmo valor referente ao salário, o que totaliza pouco mais de 200 mil meticais por mês. Trata-se de valor superior a dois milhões por ano.
António Sumbana, Victor Borges e Cadmiel Muthemba são outros beneficiários de pensões que, adicionadas aos seus salários, acabam auferindo em cada mês acima de 200 mil meticais.
Mateus Kida é o ministro que está em situação menos privilegiada: ganha 11.687,1 MT de pensão e um salário na ordem de 100 mil meticais, o que totaliza, no final de cada mês, pouco mais de 110 mil meticais. Tal justifica-se pelo facto de Kida ter conseguido pensão em 2005, na altura da sua desmobilização das Forças Armadas de Moçambique.
Do leque dos dirigentes que não só beneficiam de salários como também de pensões, constam nomes de três vice-ministros, nomeadamente, Abdul Razak, dos Recursos Minerais; Carlos de Sousa (Cazé) da Juventude e Desportos; e Jaime Hamede, da Energia. Os primeiros dois vice-ministros ganham, por mês, de salários e pensões, 173.294, cabendo a Hamede 174.634 meticais.
O PAÍS – 19.07.2013