Por Edwin Hounnou
O xadrez político que está desenhado, fará recair sobre o povo grandes desgraças se pelo facto de uma clique que se encontra poder, querer manter a hegeomonia do poder político o que lhes permite o livre acesso ao poder económico. As convulsões populares contra regimes indignos não acontecem apenas no Egipto, Líbia ou Tunísia, mas, podem acontecer também em Moçambique. Os levantamentos de 1 a 2 de Setembro de 2009, em que a população de Maputo e Matola se levantaram contra o aumento do custo de pão e de transporte, são um aviso sério. O governo andou em pijamas de Adão, pensando no pior. Hoje, todas as condições subjectivas e objectivas estão criadas para haver manifestações de grandes proporções, se as nossas objecções e dúvidas não forem afastadas.
O putinisno (táctica de arrastar o poder absoluto para o cargo que for a exercer) que Armando Guebuza pretende levar a cabo, vai desencadear revoltas populares de consequências imprevíveis. Guebuza não vai deixar o poder, como tem afirmado e, ruidosamente, repetido pelos seus “periquitos”. Quando se fez eleger presidente do partido, ficou claro que a sua intenção é de continuar no poder. Ele poderá, socorrendo-se dos dois terços que o seu partido detém no parlamento, alterar o sistema de governação, institucionalizando o posto de primeiro-ministro executivo e de presidente corta-fitas, passando ele a chefiar o governo. Assim, Guebuza poderá indicar qualquer indivíduo de sua confiança para presidente da República porque não lhe poderá fazer sombra.
O nosso Chefe de Estado não conhece fronteiras entre os seus interesses e do Estado. Ele pretende tirar proveito pessoal nos empreendimentos do Estado, como foram os contratos com as multinacionais que exploram os nossos recursos, numa luta desenfreada pela criação de uma burguesia que se traduza, apenas, nele e sua família e em pouco mais. Até hoje, são desconhecidos os termos da reversão da HCB. Ele e seus parentes são sócios da multinacional britânica HNRC, que vai explorar o carvão e construir a linha férrea de Chifunde, em Tete, para Nacala, em Nampula. Fechou o acordo de exploração de carvão e construção da linha férrea com a Vale como se de coisa privada.
Aqueles que se atrevem atravessar no seu caminho, caem na desgraça. Há exemplos conhecidos de individualidades que foram jogadas para a caixa de lixo não por questões de Estado. Deve-se a esta sua postura que a corrupção não é combatida de forma enérgica. Alguns ministros são citados como colaboradores de madereiros chineses na devastação das nossas florestas, mas, nada de anormal lhes acontece. Continuam ilesos e cada vez mais arrogantes.
Uma análise fria leva à conclusão de que Guebuza esteja a preparar um presente bastante controverso, que vai dilacerar o país. Poderão ocorrer mortes porque a discórdia será muito complicada. Que se prepare o povo moçambicano os piores momentos de convulsões sociopoliticas vão ter lugar.
(Recebido por email)