Trata-se de “um investimento considerável”, segundo sustentam os próprios japoneses, tendo em conta que nas anteriores iniciativas de “assistência” nipónica à África, os valores envolvidos ficam muito longe deste montante.
Observadores acreditam que esta “investida” nipónica tem a ver como actual posicionamento da vizinha China, que consolida, cada vez mais as suas relações com África, de modo a aceder com rapidez aos seus recursos naturais. Porém, para o Japão, o que acontece é que Africa precisa de investimento do sector privado, daí as parcerias público-privadas que o seu governo encoraja nos países africanos.
Durante a V Conferência sobre o Desenvolvimento de África, realizada no mês passado em Yokohama, o primeiro-ministro nipónico comprometeu-se visitar África ainda este ano e a ajudar os povos do continente com cerca de 32 biliões de dólares norte-americanos, para projectivos de desenvolvimento nos próximos cinco anos.
Shinzo Abe disse ainda que pretende convidar mil estudantes africanos nos próximos cinco anos a prosseguirem os estudos superiores no Japão e a ganharem experiência no mundo laboral através de realização de estágios em empresas nipónicas.
Os países africanos, através da União Africana, pediram às empresas japonesas para que invistam em África, aonde novos investidores, nomeadamente da China, Brasil e Índia, estão a chegar em peso, lembrando que o Japão foi um dos primeiros países a apoiar o continente no final da guerra fria "numa altura em que muitos davam África como morta". Por isso, segundo os africanos, "é incompreensível" que hoje os investimentos japoneses "estejam longe do volume dos novos investidores activos em África".
A China tornou-se em 2009 o principal parceiro comercial de África. Cerca de 13,5 por cento do comércio externo africano faz-se com a China e apenas 2,7 por cento com o Japão, segundo dados publicados por organizações internacionais especializadas, anotando que, desde 2009, as trocas comerciais sino-africanas têm estado a duplicar.
Através do seu chairman, o primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, a União Africana, exortou durante a TICAD V, o governo japonês a fazer o máximo para encorajar os investimentos privados em África e convidou os empresários nipónicos a visitarem África para verem um continente dinâmico e de plena saúde, onde os investimentos são necessários na agricultura, indústria, infra-estruturas e transportes.
Por tudo isto e outros detalhes aqui não mencionadas é, pois, seguro dizer que o Japão, que em 1945, saiu da II Guerra Mundial enfraquecido e humilhado pelo bombardeamento atómico contra Hiroshima, pelos EUA, e é hoje, pelo mérito próprio, a terceira economia mundial, está de malas aviadas para África.
Na bagagem, os nipónicos trazem numa fase inicial para o nosso continente, qualquer coisa como 32 biliões de dólares norte-americanos para ajuda aos africanos, nos próximos cinco anos.

Engenheiro Yoshida Toshimitufi fala da protecção de Natori
Um exemplo a seguir
É NO mínimo, um caso de maturidade, por parte dos beneficiários, e de extrema confiança por parte dos autores da iniciativa. A avaliar pelos frágeis níveis de segurança, duvido muito que projecto do género possa vingar no meu país. Mas como experimentar não cria pulgas em ninguém, porque não tentemos?
Trago esta ideia desde o Japão, onde constatei este facto. Está ali, consolidado e a beneficiar milhares de pessoas, entre camponeses e viajantes.
Mas vamos aos factos: Espantou-me, durante a minha visita naquele país, a existência de diversas máquinas de vendas automáticas no campo! Estão ali a vender, nas aldeias e ao longo de estradas das zonas rurais, refrigerantes, cigarros, chips e outros produtos de “Take-Away”, aparentemente sem o controlo de nenhum operador visível.
São facilidades longe do “possível” no meu país, que beneficiam milhares de cidadãos residentes ou viajantes pelas zonas longe das cidades, vilas ou aldeias.
Este facto levou-me a pensar nas eventuais razões porque a experiência não pode ser implementada no meu país, mas logo pensei nas fragilidades de segurança aqui existentes, na maturidade e responsabilidade dos cidadãos, sob ponto de vista de saberem respeitar “coisa”alheia (!) Duvidei! Também não aceitei acreditar que entre os nossos empresários possa haver alguém arrogado ao ponto de colocar uma máquina destas, ao longo da estrada nacional numero 1 (EN1), por exemplo. Se isso algum dia acontecer, creiam, será uma medida oportuna, merecida e profundamente humana, benéfica apenas para os camponeses do meu país.
Afinal, todos os discursos diários se referem ao “bem-servir” o povo e a criação de melhores condições possíveis nas zonas rurais, para reter ou no mínimo reduzir o fluxo das pessoas do campo para a cidade.
Porque é que as dezenas de empresas que publicitam as suas bebidas refrescantes (não alcoólicas) nas grandes cidades do pais, não experimentam esta experiência japonesa?
Erguer-se dos escombros
UM projecto de protecção e reflorestamento do litoral de Sendai, no noroeste do Japão, está em curso em Natori, uma das áreas severamente castigadas pelo tsunami de Março de 2011. Entre mortos e desaparecidos o tsunami deixou um trágico rasto de cerca de 20 mil vitimas fatais.
Natori é uma das áreas profundamente afectadas pela catástrofe. Trata-se de zona pantanosa, situada a cerca de 400 quilómetros de Tóquio.
Desde há dois anos, a região virou centro das atenções mundiais, na sequência do devastador tsunami que ali se levantou cercadas 15 horas, do dia 11 de Março de 2011, uma sexta-feira, de acordo com dados fornecidos pelas autoridades locais.
Segundo esses elementos, tratou-se do pior maremoto já ocorrido em toda a história japonesa, desde o inicio dos registos de terramotos, no final do século 19.
Com a magnitude 8,9 metros de altura, varrendo toda a costa nordeste do país e provocando, no mar, ondas de até dez metros de altura, a tragédia causou sérios problemas e danos a vários povoamentos e aldeias da região, deixando algumas completamente destruídas, como foi o caso da região de Natori, na zona de Sendai.
Passados dois anos, ainda são visíveis no terreno, as marcas deixadas pela tragédia, inclusive nos próprios moradores.
Um dos rostos notáveis prenhes destas marcas é o do velho Eiji Suzuki, sobrevivente de Natori. O velho japonês, 72 anos, é o símbolo de sofrimento.
De um camponês próspero e feliz chefe de família, Suzuki viu-se pobre e viúvo em menos de 15 minutos, quando as águas do mar, com toda a sua força invadiram e arrasaram a sua casa. Do que lhe resta apenas são recordações da sua falecida esposa, dos seus dois filhos, netos e noras arrastadas pelas ondas.
De acordo com Yoshida Toshimitufi, um engenheiro florestal que lidera as obras da execução do projecto, a operação de protecção da área consiste no levantamento de uma muralha sobre as águas do mar, com uma altura que varia de seis a oito metros, consoante as especificidades de cada zona, numa extensão de 60 quilómetros, à volta das regiões susceptíveis de novas inundações pelas ondas do Pacífico.
Na área adjacente, a zona ribeirinha, onde antes do tsunami estavas erguidas varias aldeias com as respectivas infra-estruturas, arrasadas pelo maremoto, a ideia é agora, de abrir campos agrícolas, em que se projecta a produção de arroz nalguns, e o plantio de diversas espécies de árvores indicadas para as zonas litorais, como são os casos de eucaliptos e casuarinas.
“Queremos fazer desta área, uma zona verde, que afaste para bem longe os fantasmas criados pelo Tsunami”, promete Toshimitufi, em declarações ao Notícias, recordando que o maremoto tinha deixado no local milhões de toneladas de lixo e escombros transformados agora em adubo.
“Restos de casas, sobretudo de madeira e contraplacado, amontoavam-se em vários locais. Mas tudo já foi retirado para as lixeiras ou zonas de produção”, concluiu a fonte.

Jornalistas africanos na TICAD V
Que comédia!
OS jornalistas africanos que cobriram a V Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento de África (TICAD V), realizada no mês passado em Yokohama, regressaram a casa frustrados e irritados, pelo facto de não terem conseguido questionar o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, sobre os resultados concretos do encontro.
A cimeira, que contou com a presença de mais de 40 Chefes de Estado e de Governos africanos, foi organizado pelo gigante asiático, em colaboração com a União Africana e agências das Nações Unidas.
A conferência de imprensa que formalmente assinalou o fim dos trabalhos transformou-se, na opinião da maioria dos jornalistas africanos ali presentes, numa autêntica comédia.
É que depois de terem “furado” uma forte barreira de segurança, onde os jornalistas foram submetidos a apertadas revistas até aos sapatos e telemóveis, e 45 minutos de desgastante espera, finalmente apareceram os oradores no encontro.
Tratava-se de um grupo muito forte, chefiado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, integrando ainda o presidente em exercício da União Africana, o etíope, Hailemariam Desalegn, a presidente da Comissão da União Africana, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, o ruandês Donald Kaberuka, e um oficial sénior das Nações Unidas. O grupo surgiu na ampla sala, repleta de jornalistas, aparentemente disposto e disponível a responder todas as questões arroladas pelos profissionais da comunicação social. Debalde!
O que aconteceu foi que depois de breves declarações lidas, do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe e do chairman da UA, Hailemariam Desalegn, fazendo a síntese dos três dias de prolongados e calorosos debates sobre o projecto de desenvolver África, seguiram-se, à escolha do “mestre da cerimónia, três perguntas de jornalistas locais, uma de um norte-americano e mais uma de um europeu! O único jornalista africano, que a muito custo ( o mestre da cerimonia já tinha anunciado o fim da conferência e os oradores já se encontravam de pé) conseguiu interpelar o chefe do governo nipónico foi um nigeriano, cuja resposta foi dada já com os oradores de pé!...
Os africanos revoltaram-se e protestaram. Queriam mais, porque tinham muitas perguntas por fazer. Contra tudo e todos e no meio de total frustração profissional, o encontro tinha já terminado!
A grande e natural revolta entre os africanos era que ninguém os disse antes que a conferência seria breve, uns 10/15 minutos. Que os jornalistas africanos não teriam direito a perguntar, depois de tanto tempo de espera.
Esta situação criou um obvio ambiente de revolta e frustração entre os africanos que na sua opinião, não faz sentido que numa reunião daquele nível, em que foi discutido o futuro de África, tenha sido preterida a voz do continente para questionar e trazer para África as conclusões da tamanha reunião sobre África.
“Claro que foi um erro ter-se dado prioridade a jornalistas japoneses e ocidentais, nas perguntas em detrimento dos africanos. Afinal a cimeira discutiu os problemas de África e era do interesse dos povos africanos saberem pelos seus porta-vozes (jornalistas) os resultados do encontro” desabafou um jornalista ugandês presente no encontro.
Na sua opinião, a qualidade apresentada pelos chefes de estado e de governo africanos nos debates sobre as matérias arroladas para este encontro, contribuíram para expectativa criada no seio dos jornalistas.
- David Filipe