A presidente da Liga dos Direitos
Humanos de Moçambique (LDH), Alice Mabota, qualificou de
"entretenimento" as negociações entre o Governo e a Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, para acabar com a
tensão política no país.
O executivo moçambicano e a Renamo estão envolvidos num processo negocial,
visando resolver a tensão gerada pela rejeição do principal partido da oposição
à lei eleitoral e que esteve na origem de ataques assumidos pelo movimento a
veículos na principal estrada do país.
Em declarações hoje à Lusa, após a inauguração da nova sede nacional da LDH, em
Maputo, Alice Mabota classificou como "entretenimento" as negociações
políticas em curso, considerando que o acordo a ser alcançado pelas duas partes
poderá não ser respeitado.
"O Governo e a Renamo podem entender-se sobre a lei eleitoral, mas
voltaremos a ter problemas, porque não há nenhum mecanismo de acompanhamento do
acordo que eventualmente venham a alcançar", disse a presidente da LDH.
Alice Mabota criticou o facto de as negociações estarem a ser feitas apenas entre o Governo e a Renamo, sem a presença de outras forças políticas e organizações da sociedade civil.
"É um processo negocial que exclui outros interessados na vida política do país pelo que vai produzir um entendimento frágil", acrescentou a presidente da LDH.
Apesar de prever um fracasso nas negociações entre o Governo e a Renamo, Alice Mabota afastou o cenário de um retorno à guerra como a que afetou o país durante 16 anos até 1992, ano em que foi assinado o Acordo Geral de Paz.
"Não teremos uma guerra como a dos 16 anos, mas já temos perturbações, com os altos índices de criminalidade no país", assinalou a ativista dos direitos humanos moçambicana.
Alice Mabota considerou "cruel" a situação dos direitos humanos em Moçambique, frisando que "o país tem montado um sistema de violação sistemática dos direitos humanos" pelos principais poderes, principalmente a polícia e o aparelho judicial.
Lusa – 24.07.2013