Pelo menos 128 combatentes foram mortos em novos confrontos entre tribos rivais no Darfur, disse terça-feira um chefe tribal após vários dias de confrontos violentos nesta região do oeste do Sudão. "Perdemos 28 dos nossos homens e matámos 100 dos deles", afirmou Ahmed Khiri, chefe da tribo Misseriya, que se envolveu em confrontos com a tribo Salamat, próximo da localidade de Garsila. Ahmed Khiri precisou que outros 17 dos seus homens ficaram feridos e disse recear novos confrontos.
Dezenas de combatentes dos dois lados terão morrido após o reacender dos confrontos entre as tribos Misseriya e Salamat há cerca de uma semana, indicaram responsáveis. Sexta-feira e sábado, os combates entre os dois grupos fizeram pelo menos 94 vítimas segundo os Misseriya, um balanço contestado pelos Salamat, que afirmaram ter perdido 52 homens e não 86 e ter morto "um certo número" no campo adversário. As duas tribos assinaram a 03 de julho uma trégua que previa o pagamento de compensações reciprocas e o regresso dos refugiados. A missão conjunta das Nações Unidas e da União Africana no Darfur (MINAUD) aponta as rivalidades tribais como a principal causa de tensão na região, adiantando que causaram cerca de 300 mil novos deslocados nos primeiros cinco meses de 2013, ou seja, o dobro do total de deslocados nos dois anos anteriores. Um responsável do alto comissariado para os refugiados das Nações Unidas (ACNUR) disse terça-feira que durante os seis primeiros meses do ano 30 mil sudaneses fugiram para o Chade por causa dos combates no sudoeste do Darfur e no estado do Darfur do Norte.
No sábado, duas outras tribos árabes, os Beni Hussein e os Rezeigat alcançaram um acordo para cessar o conflito que causou já centenas de mortos dos dois lados nas últimas semanas.
As tribos locais no Darfur revoltaram-se contra Cartum em 2003 para denunciar a dominação económica e política das elites árabes, dando origem a um conflito longo e devastador que causou pelo menos 300 mil mortos e 1,8 milhões de deslocados no Darfur, segundo as Nações Unidas.
Cartum contabiliza apenas 10 mil mortos.
LUSA – 31.07.2013