Logo à partida, quero vincar que hoje mais do que nunca importa que percebamos que a Igreja Católica é um espaço sagrado onde a cidadania e os valores que lhe são subjacentes, têm cada vez mais relevância e acuidade na educação da comunidade cristã. Ainda bem que a Sé Catedral de Nampula já tem mais de 5O anos de existência.
Quando em 2006 celebrou o seu quinquagésimo aniversário disse aqui, que foi bonito ver da forma como os crentes católicos haviam-se organizado e celebrado a data deste que é o templo modesto mais antigo da região norte do país, cuja fundação radica na bruma dos tempos, sabendo-se, porém, que tem um passado marcado pela historia da nossa nação, em particular da província onde se situa, que hoje perpetua o trajecto de companheirismo religioso, cultural, social e sobretudo da dignidade e moral cristãs.
Mais do que isso, o arcebispo de Nampula, D.Tomé Mkwelia, fez um apelo aos crentes e aos homens de boa vontade, para que respeitassem e venerassem aquela “casa”, de Deus, pois “este não suporta quando vê a sua casa a ser usada para outros fins”. Eu reforçara dizendo que era precisamente em memória e homenagem a esse tempo que lá vai e que marcou gerações, que se impunha fazer um apelo às raízes, ao bairrismo, a generosidade e a dedicação dos nampulenses, residentes e ausentes, principalmente aos crentes para num esforço colectivo se conseguir “restaurar”e dignificar a nossa Catedral, para que não seja excepção ser um bom cristão num mundo que só pensa na luxúria e no gozo de vidas…
Dissemos também que a Sé Catedral de Nampula sendo um património religioso e cultural muito vasto, que diz respeito à generalidade das gentes da região e não apenas à comunidade cristã, não podia “permitir” ali fossem ordenados padres locais que depois virassem delinquentes, corruptos sexuais e materiais, bêbados, atitudes que acabavam vilipendiando, injuriando e desrespeitando a própria igreja, como se tinha vindo a assistir. Até porque há muito que havíamos condenado de forma veemente e defendido a adopção de medidas severas contra os padres que se comportavam desta maneira por parte da hierarquia da Igreja Católica em Nampula.
Havíamos dito igualmente que aparentemente há muito que a Direcção da Diocese de Nampula sabia desses situações que igualmente eram do domínio publica, através de outras vias, por isso, tínhamos ouvido com certa satisfação que ela já tinha começado com a “purificação”das suas fileiras, retirando das suas funções alguns padres mal comportados.
Todavia, afirmáramos que se isso estava a acontecer efectivamente, o que implorávamos era que houvesse seriedade por parte dela, se se quisesse salvaguardar os interesses e imagem da Igreja Católica e dos cristãos em geral neste ponto do país.
Agora a pergunta que urge faze é a de que se bem que o arcebispo Makwelia tinha plena convicção de que não se podia permitir ou admitir que aquela catedral pudesse ser usada para outros fins que não fossem religiosos, porque é que se permitiu a parte frontal daquele templo fosse colocado um panfleto publicitário? Aliás, a presença desse panfleto naquele local de culto está a suscitar vários comentários no seio da sociedade nampulense, alguns chegando mesmo a associar isso com os negócios pela ganância de dinheiro da Igreja Católica em Nampula.
A ser verdade essa conclusão, vão-nos restando apenas os choros individuais e colectivos pela remoção daquele templo do panfleto publicitário a bem da dignidade e preservação da imagem da Igreja Católica em Nampula.
Mesmo aqueles que, por opção de consciência, professam ideias diferentes, ou não se consideram crentes, entendem que a colocação do referido panfleto na Sé Catedral de Nampula, é um insulto àquela igreja e invocação em vão, do santo nome de Deus, daí que se apela uma reflexão profunda da parte da sua hierarquia, por forma a que se reponha o valor religioso, neste caso cristã, daquele templo.
WAMPHULA FAX – 29.07.2013