Afonso Dhlakama diz que o Governo está a entreter a Renamo, chama “brincadeira” ao diálogo Governo-Renamo e ameaça “tomar Sofala”, se houver eleições sem acordo entre as duas partes
O partido Renamo está, desde ontem, reunido no seu segundo Conselho Nacional alargado às suas bases. O encontro tem lugar na chamada Academia Política de Santungira, bem próximo do quartel-general de Afonso Dhlakama, e junta mais de 300 membros daquela formação política provenientes de todas as províncias do país.
Os delegados da Renamo vão, durante três dias, discutir o Relatório das actividades do partido desde Outubro do ano passado, altura em que teve lugar a primeira Reunião do Conselho Nacional, a esta parte. Vão igualmente analisar o Relatório da delegação da Renamo ao diálogo com o Governo e a situação política, económica e social do país.
Na cerimónia de abertura, Afonso Dhlakama focou o seu discurso no diálogo em curso com o Governo, apelidando-o de “brincadeira”, porque já passam três meses em que, semanalmente, as duas delegações se reúnem, mas sem produzir consensos. Por isso, Dhlakama deu um ultimato. “Se até ao final da próxima semana não houver consenso, eu vou resolver o problema, vou chamar a minha delegação para Santungira e, pessoalmente, resolvo o problema”, ameaçou o líder da Renamo.
O líder da Renamo diz ainda que o Governo tem estado a entreter os seus negociadores ao criar barreiras para se alcançar o entendimento nas questões-chave, daí que, se não houver avanços numa semana, vai chamar a si a responsabilidade de resolver o problema, porque “estão a brincar com o povo que a cada segunda-feira espera ouvir um consenso. O país não é de Pacheco, nem é de Guebuza e muito menos da Frelimo. Por isso, em nome do povo, vou tomar as medidas necessárias para ultrapassar isto”, garantiu Dhlakama.
“VOU TOMAR SOFALA E DECLARAR INDEPENDÊNCIA”
Num discurso emocionado, Afonso Dhlakama voltou a declarar que, sem a revisão da lei eleitoral, não haverá eleições autárquicas este ano no país. Afonso Dhlakama disse ainda que a actual Comissão Nacional de Eleições é ilegal por estar a funcionar à margem da Legislação Eleitoral, que preconiza que todos os partidos com assento no Parlamento devem estar representados, e a Renamo não faz parte, pelo que os seus actos devem ser impugnados e anulados por não ter qualquer validade.
O PAÍS – 30.07.2013