O escritor moçambicano Mia Couto considera que a sua literatura é política, na medida em que ele diz coisas com a intenção de produzir um mundo melhor e também porque fez parte de uma geração que lutou pela independência e venceu.
Falando sábado em São Paulo, Brasil, num “talk-show” organizado pelo periódico “Folha de São Paulo”, Couto falou sobre a sua maneira de reinventar a língua portuguesa ao escrever, o seu envolvimento com a luta pela independência do país, a relação dos africanos com o Brasil e os estereótipos que rondam África e a literatura do continente.
Afirmou na ocasião que “hoje o português é a língua nacional dos moçambicanos, mas a maior parte deles tem outra língua materna. É uma língua em constante movimento, e isso para um escritor é muito sedutor. Essa reinvenção da língua ocorre como um processo social”.
O escritor falou também da influência das mulheres nas suas obras afirmando que “é como se as personagens femininas se impusessem na minha obra. Mesmo sendo de uma geração em que era preciso dar provas de ser homem, eu venci o medo de encontrar essa mulher em mim”.
Disse também que era mais poeta quando escrevia prosa do que quando escrevia poesia. “Quando vejo algo que me espanta, escrevo até num guardanapo, em coisas que nem posso dizer. Tem de haver uma urgência naquilo”.
NOTÍCIAS – 28.08.2013