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CHEFE das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, disse ontem que
prefere suicidar-se a ser detido por alguém, ao comentar as acusações da
justiça norte-americana de participação numa operação internacional de tráfico
de droga e armas.
"Os americanos que me venham buscar. Ninguém me vai prender porque se eu vir que isso está prestes a acontecer, mato-me. Não sou homem para ser detido", afirmou o general Indjai, que discursava na abertura da primeira conferência dos Serviços de Informação do Estado, que decorre até hoje em Bissau e que junta mais de 100 agentes da "secreta" guineense e da contra inteligência militar.
A justiça norte-americana capturou, no passado mês de Abril, o antigo chefe da Armada guineense, Bubo Na Tchuto, sob acusação de tráfico internacional de droga e venda de armas para rebeldes colombianos.
António Indjai disse que contrariamente às alegações dos EUA, Bubo foi capturado em águas territoriais guineenses e não nas águas internacionais, referindo que ele mesmo também foi visado na operação. "Se eu não tivesse tido o cuidado que tive, também me teriam levado", defendeu Indjai, negando ser traficante de droga ou de armas, desafiando a justiça americana a apresentar provas dessas acusações.
No discurso, António Indjai afastou ainda qualquer possibilidade de vir a demitir-se do cargo de chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, dizendo que só deixará as funções se um dia for exonerado por um presidente eleito.
António Indjai afirmou que o trabalho dos Serviços de Informação de Estado "não é respeitado" pelo poder político, uma situação que disse contribuir para o enfraquecimento da autoridade e imagem do país.
Nesse sentido e dirigindo-se especificamente ao primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, o chefe das Forças Armadas pediu mais meios logísticos e financeiros para os SIE, tanto a nível civil como militar, "para que possam produzir informações fidedignas".
NOTÍCIAS – 16.08.2013