“NIKETXE Cobras de Namarrói” é o título de uma obra literária lançada quinta-feira última, na cidade de Gúruè, província da Zambézia, pelo Instituto de Investigação Socio-Cultural (ARPAC).
Niketxe é uma dança tradicional e originária das etnias lómue e macua, mais precisamente na região norte da Zambézia e nas províncias de Nampula e Niassa.
O livro resulta de vários anos de pesquisa levada a cabo por técnicos do ARPAC no sentido de compreender os contornos que encerram a dança.
O mote para o lançamento do livro é a realização do primeiro Festival Provincial da Dança Niketxe, que terminou sábado na cidade de Guruè. O evento, que contou com a participação de onze grupos de dança, correspondendo a trezentos e cinquenta artistas, iniciou na sexta com o desfile dos vários grupos, artistas musicais, exposição e feira de artesanato e de livro.
A ideia que norteou a realização deste festival provincial tem a ver com a necessidade de resgatar e massificar a dança niketxe, que já estava a perder interesse por parte das novas gerações.
O director da Casa Provincial de Cultura da Zambézia e porta-voz do Festival, Simão Fernando, disse ao jornal Notícias que nos últimos vinte anos assistiu-se a uma fraca aderência de jovens como executantes da dança niketxe, por isso foram mobilizado fundos para a realização do evento de forma a criar interesse nos jovens e massificá-la.
“A nossa ideia é resgatar, massificar e atrair jovens para não perderem de vista a conservação deste importante património cultural”, disse Simão Fernando, para quem no período colonial a dança niketxe foi usada pelas comunidades como um instrumento contra a escravatura e trabalho forçado.
A fonte afirmou que vários chefes de família foram recrutados para trabalhar nas plantações de chá e algodão na ex-Sena Sugar Estates. Como forma de reivindicação dessa exploração, prosseguiu Simão Fernando, as comunidades organizavam e executavam a dança niketxe com a presença dos colonos como se fosse apenas mais um acto de entretenimento, mas ela veicula uma forte mensagem de repúdio à escravatura.
Os grupos mais destacados da dança niketxe são o Enrule (Alto Molócuè), Muteme e Magar (Guruè), Niketxe de Socone (Ile), Sopa (Milange) e Pury (Gilé). Parte destes grupos esteve presente nas fases provinciais e nacionais do Festival de Cultura.
De referir que no Festival Provincial de Guruè foram convidados os chamados músicos modernos para explorarem os rimos tradicionais para que nos seus próximos discos possam compor tendo como referência os sons e animação do Niketxe.
O Festival que decorreu sob o lema “De Niketxe Para Identidade da Nossa Moçambicanidade”, terminou sábado.
NOTÍCIAS – 28.08.2013