MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Bom dia Justino
Como vai a tua vida? Espero que bem. Do meu lado está tudo normal, felizmente.
Onde parece que nada está normal é no Médio Oriente, onde os países do costume, isto é os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, se preparam para acções militares contra a Síria.
O pretexto, desta vez, é a acusação de que o governo sírio teria usado gás Sarin contra a sua população civil.
E as autoridades daqueles dois países afirmam não ter dúvidas nenhumas a esse respeito. Só que isto que está a acontecer parece a repetição, quase ponto por ponto, de outro filme que nós já vimos há uns anos: a invasão do Iraque de Saddam Hussein.
No caso do Iraque, americanos e britânicos também não tinham nenhuma dúvida de que Saddam estava a armazenar armas de destruição massiva. E, com base nisso, atacaram.
E, depois, não foram capazes de mostrar a mínima arma das tais que estavam certos de existirem. Nem uma!
Portanto, já sabemos o que valem tais certezas...
A verdade é que os dois países ocidentais há muito definiram aquilo a que chamaram, na altura, o Eixo do Mal. Que era formado pelo Iraque, pelo Irão e pela Síria.
Tudo países com posições geográficas estratégicas para o fornecimento de petróleo ao Ocidente.
No Iraque vimos o que fizeram e o que continua a acontecer até hoje; no Irão até agora não se meteram porque, aparentemente, é o que tem maior capacidade defensiva. Mas, agora, querem dominar a Síria e isso pode ser um passo para, depois, chegarem também ao Irão.
Vais-me dizer que essa coisa do Eixo do Mal foi uma estratégia de um presidente americano, do Partido Republicano e belicista, o George Bush, e hoje está em Washington um democrata moderado. Mas o que a vida me ensinou é que há coisas que passam por cima dessas diferenças e, entre elas, estão os interesses das grandes corporações multinacionais, em grande medida dependentes de um petróleo a preços acessíveis para o seu funcionamento.
E, perante esses interesses até mesmo os presidentes americanos têm de se curvar, sob pena de se arriscarem a levar um tiro, como aconteceu com John Kennedy. Já para não falar dos dirigentes britânicos que, numa inversão histórica, parecem ter sido agora colonizados pela sua antiga colónia.
Esperemos que, nisto tudo, eu esteja enganado e nada vá acontecer. Mas que estou preocupado, não posso negar.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 30.08.2013