Falta de consenso prevalece no diálogo Político.
O Governo diz que não faz sentido incluir facilitadores nacionais e observadores internacionais no diálogo antes de se abordar todos os pontos agendados.
Quando vai na sua 18ª ronda, o diálogo político entre o Governo e a Renamo ainda não produziu resultados.
O negociador chefe da Renamo, Saimone Macuiane, entende que a única saída para o impasse é a intervenção de facilitadores nacionais sob mediação de observadores internacionais no diálogo. Macuiane diz que só assim os moçambicanos perceberão a razão de tantas rondas negociais.
“Atendendo que estamos há bastante tempo a trabalhar nesta matéria, mais uma vez, reafirmamos a necessidade de haver facilitadores nacionais na mesa e os observadores, para criar uma nova dinâmica e acelerar o processo de diálogo entre o Governo e a Renamo. Achamos que só assim podemos avançar e encontrar resultados”, adiantou.
Por seu turno, o Governo diz que não faz sentido incluir facilitadores nacionais e observadores internacionais no diálogo antes de se abordar todos os pontos agendados.
O negociador chefe da delegação governamental, José Pacheco, insiste que é melhor levar os pontos de discórdia para a Assembleia da República, ou então, para um diálogo ao mais alto nível entre o Chefe de Estado, Armando Guebuza, e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
“Sobre estas matérias, estão criadas as condições para sejam encaminhadas à Assembleia da República que irá pesar os posicionamentos das partes em diálogo e irá deliberar no interesse nacional. Ou este assunto poderia constituir um ponto de agenda para o diálogo ao mais alto nível entre Sua Excelência Armando Emílio Guebuza e o presidente da Renamo, na cidade de Maputo”, disse.
A Renamo reitera que só aceitará avançar para o segundo ponto da agenda depois de se resolver a questão da legislação eleitoral. O partido insiste neste ponto por considerar que não se deve realizar eleições num país em que um partido possui vantagens em relação aos outros.
Em quase todas as rondas negociais, as partes levam quatro ou mais horas a dialogar, a portas fechadas, mas os resultados, esses, tardam a chegar.
Pacheco disse ainda que a Renamo deve ocupar os seus lugares nos órgãos eleitorais. “Instamos a Renamo a ocupar os seus lugares na Comissão Nacional de Eleições, porque é lá onde pode fazer valer os seus interesses. A Renamo não está na CNE por atitude obstrucionista e por motivos não claros”, disse.
Dos 12 pontos e 19 alíneas apresentados pela Renamo, o Governo concordou com grande parte, discordando com um dos fundamentais, o da paridade na CNE.
A próxima ronda de diálogo entre as partes está marcada para segunda-feira.
O PAÍS – 27.08.2013