UMA coluna de camiões transportando tropas do Ruanda e material militar, incluindo carros blindados, chegou quinta-feira à noite na localidade de Gisenyi, fronteiriça com a RD Congo, depois de obuses de morteiro disparados, a partir desta área terem atingido o território ruandês, causando duas mortes e vários feridos, noticiou ontem a Panapress.
Segundo esta agência, o desdobramento das tropas ruandesas acontece depois de Kigali ter condenado “vivamente” os disparos de obuses, “a partir de posições das forças congolesas” que atingiram diferentes áreas ruandesas, fazendo feridos e danos materiais.
De acordo com o Governo ruandês, pelo menos 34 obuses foram disparados contra o seu território, a partir da RD Congo na semana passada, numa "agressão inaceitável".
A porta-voz do Executivo ruandês, Louise Mushikiwabo, que deplora a comunidade internacional por não ser capaz de resolver correctamente a crise congolesa, critica o facto de “civis ruandeses continuarem a ser alvos das Forças Armadas congolesas, sustentando que o seu Governo “tem a responsabilidade de proteger a sua população".
“O Ruanda não vai tolerar que o Exército de um dos países signatários dos acordos de paz continue a bombardear civis no seu território", sublinhou a governante.
Entretanto, os rebeldes do M23 anunciaram ontem que se vão retirar temporariamente para permitir que a ONU investigue os vários ataques com obuses lançados contra a população civil no leste da RD Congo. Conforme explicaram, eles pretendem retirar-se da linha da frente na zona de Kanyaruchuna, 20 quilómetros de Goma, capital da província do Kivu do Norte, na fronteira com o Ruanda. Nessa área, os rebeldes e a força de intervenção da ONU na RD Congo (MONUSCO), apoiada pelo Exército congolês, têm travado intensos combates desde a semana passada.
“Vamos suspender as operações militares na frente de Kanyaruchuna, para permitir aos investigadores da ONU comprovarem de onde procedem as bombas lançadas contra a população civil na cidade de Goma”, afirmou o líder do M23, Bertrand Bisimwa, numa nota enviada à agência EFE. “O Governo de Kinshasa acusou os rebeldes de lançarem essas bombas do território ruandês. Isto não está certo. Pelo contrário, foram as forças armadas da RD Congo que dispararam contra o território ruandês”, sublinhou Bisimwa.
O M23 também defendeu a retomada das negociações de paz com o Governo congolês em Kampala, paralisadas desde Junho.
A MONUSCO acusou os rebeldes de lançar bombas deliberadamente contra os civis em Goma, facto que os insurgentes negam. Kinshasa acusou o Ruanda de “crimes de guerra”, ao assegurar que os projécteis que alcançaram Goma foram lançados deste país e não de posições dos rebeldes do M23. O Ruanda e o Uganda são acusados pela ONU de ajudarem os rebeldes congoleses, o que os dois países negam.
NOTÍCIAS – 31.08.2013