VÁRIOS dirigentes africanos e o presidente francês, François Hollande, assistem hoje, em Bamako, a uma cerimónia "festiva" que marcará o início formal do mandato do novo presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta (IBK), que tem pela frente inúmeros desafios, após 18 meses de crise político-militar.
IBK já prestou juramento a 04 de Setembro, mas a primeira tomada de posse teve um carácter jurídico local, tendo, porém, decidido convocar nova cerimónia já com a presença da comunidade internacional.
É assim que hoje Bamako recebe a presença de quase todos os chefes de Estado dos países oeste-africanos, e também da França, François Hollande, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e da presidente da Comissão da União Africana (CUA), Nkosazana Dlamini Zuma, e várias outras altas individualidades africanas e mundiais.
A 11 de Agosto, Keita, 68 anos, cacique da vida política maliana e ex-primeiro-ministro nos anos 1990, ganhou a segunda volta das eleições presidenciais com 77,6 por cento dos votos, derrotando Soumaila Cissé, antigo ministro das Finanças.
A vitória de Keita foi recebida com contenção pelo Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA, rebelião tuaregue), mas algumas vozes - como a de Moussa Assarig, porta-voz do MNLA na Europa - manifestaram esperança de que possam vir a existir negociações "francas, justas e equitativas" entre Bamaco e a minoria tuaregue.
Quatro dias depois da primeira posse de Keita, foi a vez do novo primeiro-ministro maliano, Oumar Tatam Ly, um banqueiro de 49 anos, anunciar a formação do Governo, que conta com 34 ministros e ministros delegados, incluindo quatro mulheres e seis membros do anterior executivo de transição, e ainda personalidades que ocupavam cargos em organizações internacionais.
O novo Governo inclui um Ministério da Reconciliação Nacional e do Desenvolvimento das Regiões do Norte, pasta confiada a Cheick Oumar Diarrah, diplomata que foi designadamente embaixador do Mali nos Estados Unidos.
Entre as diversas prioridades das novas autoridades malianas, e considerada a "mais urgente", está a reconciliação nacional no país, após dois anos de crise político-militar e de uma intervenção internacional.
A crise foi desencadeada em Janeiro de 2012 no norte, na sequência de uma ofensiva dos rebeldes tuaregues, rapidamente suplantados por grupos islamitas com ligações à Al-Qaeda.
Os grupos fundamentalistas assumiram o controlo desta vasta região uma semana após o golpe militar de Março de 2012 que derrubou o Presidente Amadou Toumani Touré (2002-2012), até serem expulsos de quase todo o norte do país a partir de Janeiro de 2013, na sequência da intervenção militar francesa e africana, que ainda decorre.
O conflito reavivou as tensões entre as comunidades tuaregues, árabes e negras, e provocou pelo menos 500 mil deslocados.
NOTÍCIAS – 19.08.2013